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Verdadeiro escândalo em Bremen é outro

Rupert Wiederwald Korrespondent Hauptstadtstudio
Rupert Wiederwald
30 de maio de 2018

Responsáveis evitam transparência no escândalo de concessões irregulares de refúgio. Isso consome ainda mais a confiança nas instituições públicas, e quem ganha é a AfD, opina o jornalista Rupert Wiederwald.

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Ministro Horst Seehofer (dir.) responde a perguntas do Parlamento, ao lado de Jutta Cordt e do secretário de Estado Parlamentar Stephan Mayer
Ministro Horst Seehofer (dir.) responde a perguntas do Parlamento, ao lado de Jutta Cordt e do secretário de Estado Parlamentar Stephan MayerFoto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld

O Partido Verde anunciara um catálogo de 60 perguntas sobre o escândalo de concessões irregulares de refúgio na Alemanha. Contudo só indiretamente a opinião pública ficou sabendo o que responderam, a portas fechadas, o ministro do Interior, Horst Seehofer, e a presidente do Departamento Federal para Migração e Refugiados (Bamf), Jutta Cordt. O ministro prometera transparência e esclarecimento, mas não se pode dizer que o esclarecimento esteja sendo realmente transparente.

Apenas de forma fragmentada está vindo à luz o que de fato ocorreu na repartição do órgão em Bremen, onde, em mais de 1.200 casos, concedeu-se refúgio sem que houvesse qualquer base legal para isso. Lamentáveis casos isolados e ação criminosa de uns poucos foi a lapidar explicação do Ministério do Interior.

Nem uma palavra sobre como a própria agência federal sabotou esclarecimento e transparência; sobre como também há problemas em outras repartições suas; e que, muito obviamente, o Bamf, como um todo, está totalmente sobrecarregado com o ritmo vertiginoso que a política lhe impôs desde 2015.

Em vez de esclarecimento, os alemães vivenciam mais uma vez como todos os partidos políticos se aproveitam do escândalo do Departamento de Migração para seus próprios fins.

O ministro social-cristão Seehofer, querendo destacar-se como linha-dura no assunto, anuncia, como consequência, que pretende reformular toda a política para refugiados do país e proceder com ainda mais rigor em relação aos migrantes.

O Partido Social-Democrata (SPD) encara o caso como uma bem-vinda oportunidade para fazer oposição, embora de dentro da coalizão governamental. Ele ameaça seus parceiros conservadores, a União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), com uma comissão parlamentar de inquérito, responsabilizando, de quebra, a chefe de governo Angela Merkel pelo escândalo.

O que os social-democratas não mencionam, claro, é que eles igualmente configuraram a política para refugiados e a reforma do Departamento de Migração a partir de 2015, juntamente com a CDU/CSU de Merkel.

A oposição está dividida sobre como proceder com o esclarecimento. A Alternativa para a Alemanha (AfD) e o Partido Liberal Democrático (FDP) exigem uma CPI. Sobretudo para os populistas de direita da AfD, esse inquérito seria o longamente desejado palco para colocar no banco dos réus toda a política de refugiados de Berlim. Também por isso, os verdes e A Esquerda argumentam contra esse instrumento.

Entretanto, mesmo sem a CPI, a AfD é quem mais lucra com o escândalo dos refúgios injustificados. A forma como todos os implicados se esquivam de uma avaliação honesta da situação fortalece aqueles que sempre foram contra uma política liberal para os refugiados. E consome ainda mais a confiança nas instituições públicas. Esse é o verdadeiro escândalo.

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