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Oposição defende investigação de denúncias de ex-diretor da Petrobras

8 de setembro de 2014

Marina, Aécio e Luciana Genro cobram apuração de denúncias e punição para envolvidos. Dilma diz que vai tomar providências quando tiver informações oficiais. PSB defende ex-governador Eduardo Campos.

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Foto: AP

Candidatos à Presidência da República defenderam que a denúncia de envolvimento de políticos num esquema de propina na Petrobras seja investigada. De acordo com reportagem da revista Veja, divulgada neste fim de semana, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato, revelou em depoimento à Polícia Federal nomes de políticos de alto escalão que teriam participado do esquema em negócios da petrolífera com outras empresas.

O ex-diretor, conforme a revista, aceitou um acordo de delação premiada, o que possibilita redução da pena para quem colabora com as investigações. Ele está preso sob a acusação de participar de um esquema de lavagem de dinheiro coordenado pelo doleiro Alberto Youssef. Entre os denunciados por ele estão governadores, ex-governadores, ministro e parlamentares.

A candidata à reeleição pelo PT, presidente Dilma Rousseff, disse que precisa de dados oficiais para tomar providências cabíveis e não adotará medidas com base em especulação. "Precisamos de dados oficiais a respeito dessa questão. A própria revista que anuncia esse fato diz que o processo está criptografado, guardado dentro de um cofre e que irá para o Supremo. Eu gostaria de saber direitinho quais são as informações prestadas nessas condições e asseguro que tomarei todas as providências cabíveis, mas não com base em especulações", disse a presidente.

"Não posso tomar nenhuma providência enquanto não tiver todos os dados oficialmente entregues. Ao ter os dados tomarei todas as medidas, inclusive se tiver que tomar medidas mais fortes", acrescentou Dilma, mais tarde.

O candidato Aécio Neves (PSDB) cobrou apuração do caso e punição para os envolvidos. "É muito importante que essas investigações sejam aprofundadas, que os responsáveis por esses desvios sejam punidos, mas o fato concreto é que durante todos os últimos nove anos, o mensalão continuou a existir nesse governo. Agora, financiado pela nossa principal empresa pública, a Petrobras", disse, conforme entrevista divulgada pela assessoria do candidato.

A candidata Marina Silva (PSB) defendeu Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e então candidato pelo partido, que teria sido citado pelo ex-diretor, de acordo com a reportagem. Ela também defendeu apuração do caso. "O fato de ter um empreendimento da Petrobras feito no seu estado não dá o direito de colocá-lo em uma lista dos que cometeram qualquer irregularidade. Nesse momento, todo o Brasil e todos nós aguardamos as investigações que estão sendo feitas dos desmandos da Petrobras, que estão ameaçando o futuro da empresa, o futuro do pré-sal. O atual governo tem que se explicar da má governança que fez na Petrobras, levando essa empresa, que sempre foi exitosa e respeitada dentro e fora do Brasil a quase que uma total falência." Em nota, o PSB disse que a reportagem faz uma "uma referência solta do depoente a Eduardo" e que vai requerer acesso ao depoimento integral do ex-diretor.

A candidata Luciana Genro (PSOL) também cobrou investigação. "É possível que seja de fato verdade. Nós sabemos que há uma relação promíscua entre os partidos, as empresas privadas e as estatais. Os políticos dos partidos tradicionais se utilizaram das empresas públicas como a Petrobras para fazer negócios, receber propinas e defender interesses privados. Evidentemente que isso precisa ser muito bem investigado", disse.

Segundo a revista, no depoimento, o ex-diretor mencionou o nome do senador Romero Jucá (PMDB-RR), como um dos envolvidos no esquema. Em nota, o senador nega ter recebido "qualquer contribuição de campanha e quaisquer outros recursos por meio do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa". De acordo com Jucá, o relacionamento dele com o ex-diretor sempre foi institucional. "Todas as doações de campanha foram feitas respeitando a legislação e estão disponíveis para consulta", diz a nota.

De acordo com a reportagem, o ex-diretor disse ainda aos policiais que o secretário nacional de Finanças do PT, João Vaccari Neto, atuava como intermediário do partido no esquema. Em nota, o partido diz que "é absolutamente mentirosa a declaração de que tenha havido qualquer tratativa, seja pessoal, por e-mail ou mesmo telefônica, com o referido senhor a respeito de doações financeiras ou qualquer outro assunto. Vaccari Neto nunca esteve na sede da Petrobras. Ele não visita empresas estatais, pois são proibidas por lei de fazer doações eleitorais", acrescentando que as prestações de contas do partido são regularmente apresentadas aos órgãos fiscalizadores.

Em comunicado, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que teria sido mencionado pelo ex-diretor conforme a revista, negou ter pedido ou recebido recursos. Segundo ele, as declarações "foram feitas em um processo de delação premiada, sem apresentação de provas. E delação premiada exige provas".

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, também citada, divulgou nota de repúdio em que diz nunca ter participado de nenhum esquema de corrupção. "Muito menos solicitei ao ex-diretor da Petrobras recursos de qualquer natureza. Tomarei todas as medidas jurídicas cabíveis para resguardar minha honra e minha dignidade."

Na lista de personalidades alegadamente citadas por Costa figuram o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, além de cinco outros legisladores. Também aparecem governadores ou ex-governadores de estados onde a Petrobras executou importantes obras nos últimos anos, como no Rio de Janeiro (Sérgio Cabral), no Maranhão (Roseana Sarney) e Pernambuco (Eduardo Campos).

O antigo diretor da Petrobras citou, de acordo com a Veja, pelo menos 25 deputados e seis senadores do PT, do PMDB e do PP. O jornal Folha de S. Paulo, sem mencionar os nomes dos envolvidos, informou que Costa denunciou pelo menos 49 deputados e 12 senadores.

AS/abr/lusa