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Os 40 anos da "História sem fim"

11 de março de 2019

Há quatro décadas, chegava às livrarias alemãs a obra mais famosa de Michael Ende, que foi traduzida para 40 línguas e também fez sucesso nos cinemas, em 1984.

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A adaptação para o cinema do livro: Ende nunca aceitou bem a ideia de ver sua história na telona
A adaptação para o cinema do livro: Ende nunca aceitou bem a ideia de ver sua história na telonaFoto: picture-alliance/dpa

Há 40 anos, a história de Bastian Balthazar Bux e sua jornada por um mundo de fantasia chegava às livrarias alemãs. O livro A história sem fim (Die unendliche Geschichte), de Michael Ende, fez sucesso mundial: um garoto rouba um livro, apaixona-se pela história, e entra na própria narrativa, num mundo de seres diferentes, florestas densas e muita imaginação. Neste universo paralelo, Bastian e seu amigo Atreju lutam para salvar um reino e sua imperatriz. Conta-se que o livro fez tanto sucesso que em alguns momentos a editora não tinha papel para imprimir novas edições.

O autor alemão ficou conhecido na cena literária por seus livros fantasiosos sobre mundos fascinantes, escritos para crianças, adolescentes e adultos. Neste ano, ele completaria 90 anos. 

Passados 40 anos da publicação do livro de maior sucesso do autor, suas histórias continuam fazendo sucesso. A história sem fim ganhou um formato de áudio livro que foi premiado na categoria melhor livro infantil pela emissora pública alemã WDR e foi homenageada pelo Google com um Doodle em 2016 para comemorar 37 anos de sua primeira edição.

Os livros do escritor já foram traduzidos em mais de 40 idiomas. No entanto, Michael Ende não queria ser visto apenas como um escritor de livros infantis e não era segredo que ele não gostou quando seu livro mais famoso se transformou em filme.

A obra foi adaptada para as telas pelas mãos do diretor Wolfgang Petersen e do produtor Bernd Eichinger em 1984, cinco anos após seu lançamento. Apesar de a produção ter quebrado recordes de bilheteria, Ende se distanciou dela, classificando-a publicamente como "um gigantesco melodrama de kitsch, comércio, pelúcia e plástico".

Segundo o produtor Ulli Pfau contou à revista Der Spiegel, durante as filmagens o autor sofreu por ter medo de que o filme fosse reduzido a uma “versão Disney” da história, enquanto o produtor, por outro lado, gostaria que o resultado final fosse exatamente esse. O receio do autor está pautado no pano de fundo da obra que, apesar de fantasiosa, não é rasa e traz muitos elementos da vida real.  Por trás das aventuras, escondem-se metáforas sobre a vida e a jornada de um garoto solitário na busca por si mesmo.

A versão para os cinemas também é até hoje tema de uma disputa nos tribunais pautada em contratos da década de 1980 sobre os direitos de comercialização do filme.

Apesar de tudo, Fuchur, o dragão branco da sorte do protagonista é, ainda hoje, um dos mais famosos e amados adereços da Bavaria Filmstadt, o centro de produções cinematográficas onde a aventura foi filmada e que pertence à centenária Bavaria Film.

Michael Ende era filho do pintor surrealista Edgar Ende. Ele nasceu em 1929 na pequena cidade Garmisch-Partenkirchen, no estado da Baviera, no sul da Alemanha. Ende chegou a estudar para ser autor, mas investiu na carreira de escritor freelancer.

Em 1960, ele publicou seu primeiro livro, Jim Knopf e Lucas, o maquinista. Após ser rejeitado por mais de dez editoras, ele fez sucesso de imediato, sendo traduzido para mais de 20 línguas.

Seu segundo sucesso, Momo, foi publicado em 1973. Seis anos mais tarde, surgia a obra-prima do autor, A história sem fim. Michael Ende escreveu livros, novelas, óperas e poesias para todos os públicos até sua morte, em 1995, vítima de um câncer de estômago.

O músico Wilfried Hiller, amigo de Ende, lembra-se bem daqueles tempos em que o escritor estava comprometido com A história sem fim. Juntos, escreveram algumas canções e óperas, mas o livro consumia todo o tempo de Ende. "Ele me disse que no momento não podia escrever nenhum texto para mim, por estar preso num livro de que não conseguia sair", conta.

Segundo Hiller, os sonhos eram o mundo do escritor: a mensagem que atravessa toda a sua obra é "que o ser humano precisa de sonhos e não pode viver sem eles".

O próprio Michael Ende dizia-se herdeiro da escola romântica alemã, especialmente do autor Novalis. Alguns críticos literários, contudo, atacaram justamente esse caráter sonhador, e tacharam suas histórias de didáticas e cheias de pretensão de melhorar o mundo.

Em entrevista ao jornal Die Welt, Birgit Dankert, que escreveu uma biografia sobre o escritor, definiu Ende como um autor que deu ritmo para o reconhecimento internacional da literatura infanto-juvenil alemã.

MO/dpa/ots

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