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'Eles precisam querer se integrar'

8 de março de 2009

A DW conversa com o ministro alemão do Interior, Wolfgang Schäuble, sobre a situação do islã no país. Entrevista realizada no contexto do Fórum Teológico Cristianismo-Islã, da diocese de Tottenburg-Stuttgart.

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Foto: Fotomontage/AP/DW

DEUTSCHE WELLE: Senhor ministro do Interior, integração também inclui aula de religião islâmica, por exemplo. Não é preciso fazer mais para alcançar a integração social dos muçulmanos na Alemanha?

Wolfgang Schäuble: Certamente, mas integração também pressupõe que uma sociedade se comunique. Por isso, é importante que todos falem alemão. E aí precisamos realmente – se o islã quiser colaborar numa Alemanha para os muçulmanos –, por exemplo, da formação de prelados, de teólogos e de professores para as aulas de religião nas escolas públicas. Estes, de resto, o Estado não pode formar sozinho, tal só é possível em parceria com a comunidade religiosa. Por isso, o próprio islã, ou os muçulmanos, devem criar as condições para tal. Eles devem fundar comunidades religiosas e iniciar os procedimentos para que estas sejam reconhecidas como tal, de forma que o Estado conte com um parceiro. Pois o conteúdo da religião, da fé, o nosso Estado laico e neutro não pode comunicar.

Muitos muçulmanos são notórios por seu empenho voluntário. Não seria também do interesse das autoridades públicas dar apoio a essas pessoas tão engajadas?

Sim, mas acredito que se esteja avançando neste ponto. Se o senhor observar, por exemplo, como a grande mesquita de Duisburg é, no fundo, acolhida pela população, sem qualquer resistência e com grande alegria; se observar, também, como pouco a pouco desaparecem os debates [sobre a construção de uma mesquita] em Colônia, que durante um tempo foram bastante acalorados – isto é passo. Agora temos um debate amplo, e o senhor nota que nos estados federados aumentam os esforços. Bem, pode-se dizer que o processo não é rápido o suficiente, porém a velocidade aumentou muito, sim.

Na Conferência do Islã definimos as regras fundamentais de forma bastante consensual, agora cabe aos estados efetivá-las. É deles, não do governo federal, a jurisdição para tal, assim como a autoridade na área da cultura. A conferência dos ministros da Cultura também participa de nossas deliberações, e espero que isso venha a dar frutos nos próximos anos.

Qual é o seu balanço, após dois anos e meio de Conferência Islâmica Alemã?

Deutschland Islam Konferenz in Berlin Wolfgang Schäuble Pressekonferenz
Wolfgang Schäuble (e) durante a Conferência Islâmica Alemã em 2008Foto: AP

Então: nas questões centrais chegamos juntos a regras importantes, sim; sobre as aulas de religião nas escolas públicas, sobre a formação de professores de religião. Também estabelecemos diretivas de consideração mútua na construção de mesquitas, etc.. Fizemos numerosos esforços, e não sem sucesso, para tornar mais visível na mídia a diversidade da vida muçulmana, também nos empenhamos para que ela seja percebida por uma opinião pública mais ampla. Em contrapartida, fizemos muito para que os próprios islamitas compreendam que não podem se isolar do restante da sociedade – eles próprios têm de querer se integrar. Assim devem, por exemplo, também cuidar para aprender alemão, pois senão seus filhos não terão chances.

Temos déficits na integração das crianças na escola, bem sabemos. Mas justamente por isso a chanceler federal [Angela Merkel] combinou com os governadores estaduais, durante a cúpula da educação, que agora todos os estados têm a obrigação de avaliar, já a partir dos quatro anos de idade, se as crianças possuem os pré-requisitos necessários para o êxito escolar, e portanto, no futuro, nos mercados de formação profissional e de trabalho. Este é um ponto importante, pois mostra que onde há déficits de integração as causas são sempre sociais. E estas nós podemos eliminar, e quanto melhor as eliminarmos, maior será o sucesso da integração.

Autor: Reinhard Baumgarten / Abdebhai Alami
Revisão: Augusto Valente