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Revolta na Líbia

8 de junho de 2011

Em reunião em Bruxelas, Otan confirmou intenção de prosseguir operações na Líbia "pelo tempo que for necessário". Secretário-geral da organização apelou para que participantes da missão aumentem esforços militares.

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Secretário-geral da Otan, Anders Fogh RasmussenFoto: AP

Em uma reunião dos ministros da Defesa dos 28 membros da aliança realizada nesta quarta-feira (08/06) em Bruxelas, a Otan confirmou a intenção de prosseguir as operações militares na Líbia "pelo tempo que for necessário", mas ao mesmo tempo pretende distribuir melhor as tarefas do conflito na Líbia entre seus membros.

O secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen, apelou para que os países da aliança aumentem seu apoio e reforcem os meios militares de forma mais flexível. Segundo a declaração final do encontro, os ataques na Líbia prosseguirão "com toda a intensidade necessária" pelo menos até final de setembro.

A organização quer também começar a planejar, junto com a ONU, a fase pós-conflito, disse Rasmussen. Todos os ministros que participaram na reunião estariam de acordo que as operações militares fazem "progressos claros", diminuindo significativamente a capacidade militar das forças fiéis ao regime, embora estas "continuem constituindo uma ameaça".

Era pós-Kadafi

Os ministros da Defesa dos países da Otan concordaram com a necessidade de se começar a planejar o período posterior ao conflito. "Kadafi passou para a história. A questão já não é se ele vai sair, mas quando vai sair", disse Rasmussen. "E, quando sair, a comunidade internacional tem de estar preparada", complementou.

A Otan, segundo Rasmussen, "preparou o terreno para um acordo político, ao deixar claro a Kadafi e aos seus seguidores que não há futuro para a violência e a repressão". Ele afirmou, porém, que não está previsto um papel de liderança da Otan na Líbia depois de acabada a crise. Também houve unanimidade em outro ponto: "Não temos intenção de enviar tropas terrestres", voltou a garantir o secretário-geral.

De acordo com uma porta-voz da Otan, alguns Estados sinalizaram a intenção de colaborar mais intensamente com os ataques na Líbia, embora não tenha havido confirmações oficiais de aumento de meios militares. Sobretudo o Reino Unido e os EUA fizeram pressão sobre os países que até agora não vinham se engajando militarmente.

Sinais de esgotamento

Mais de dois meses após o início da missão da Otan na Líbia, as tropas dos aliados ocidentais estariam mostrando sinais de esgotamento. Até agora, a maioria dos ataques aéreos foi realizada por Reino Unido e França.

Desde o início da operação, no final de março, os países que participam mais ativamente já realizaram mais de 10 mil operações aéreas, com cerca de 1.800 alvos atingidos. Segundo diplomatas, oito países participam com aeronaves e navios de guerra: Reino Unido, França, EUA, Itália, Dinamarca, Bélgica, Noruega e Canadá.

Outros cinco colaboram na missão através, por exemplo, de voos de reconhecimento. Entre eles, estão Espanha, Turquia e Holanda. A Otan mantém a lista dos países participantes em segredo porque alguns Estados não desejam tornar público seu engajamento.

O ministro da Defesa americano, Robert Gates, apelou para que a Alemanha se engaje militarmente na Líbia. "A Alemanha deveria fazer alguma coisa", reclamou, segundo informações de participantes norte-americanos. Gates teria se mostrado insatisfeito com diversos países.

Ele citou Alemanha e Polônia, ambas nações que se recusam a participar militarmente na Líbia. O vice-ministro alemão da Defesa, Christian Schmidt, reforçou em Bruxelas a posição de Berlim de não tomar parte nos ataques. Espanha, Holanda e Turquia "têm que fazer mais" teria cobrado Gates, ainda de acordo com membros da delegação dos EUA.

Vivo ou morto

A Otan fez uma pausa em sua ofensiva. Na madrugada de terça para quarta-feira, caças realizaram durante horas alguns dos maiores ataques sobre a capital, Trípoli, desde o início das operações, em março.

Um porta-voz do governo líbio disse que pelo menos 31 pessoas teriam sido mortas por cerca de 60 bombardeios, dados que não são passíveis de verificação de forma independente. Rasmussen disse não poder confirmar as declarações da Líbia, mas voltou a afirmar que a missão da Otan não tem como meta alvos civis.

Os ataques tiveram como principal alvo a região em Trípoli onde se localiza o complexo de Bab al Aziziya, onde fica a principal base militar e a residência do ditador líbio. A zona tem sido um dos pontos mais atingidos pelas forças da Otan desde o início dos bombardeios. Quase todos os prédios do complexo foram destruídos.

Em um pronunciamento em áudio divulgado na noite de terça pela TV estatal líbia pouco antes de mais um bombardeio em Trípoli, Muammar Kadafi prometeu jamais capitular e garantiu que permanecerá na capital "vivo ou morto". Ele pediu à população para resistir e informou que estava próximo dos ataques. "Estou perto dos bombardeios, mas continuo resistindo", disse. "Não tenham medo, avante, avante", apelou, afirmando que os ataques internacionais jamais iriam conseguir vencer "um povo armado".

MD/afp/dpa/lusa/rtr/dadp
Revisão: Roselaine Wandscheer

Tripolis Gaddafi Libyen Luftangriff NATO
Soldado líbio frente a ruínas em complexo de KadafiFoto: picture alliance/dpa
Libyen Machthaber Gaddafi TV Auftritt Vertreter Stämme
Kadafi afirmou que vai resistir a bombardeios da OtanFoto: dapd