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Oxigênio molecular é descoberto em cometa pela primeira vez

28 de outubro de 2015

Sonda Rosetta encontra O2 no cometa Chury, e cientistas afirmam que oxigênio pode ter congelado no núcleo do corpo celeste. Descoberta pode colocar em questão modelos anteriores sobre a formação do Sistema Solar.

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Rosetta Aufnahme vom Komet Tschuri
Foto: picture-alliance/AP Photo/ESA/Rosetta/Navcam

A existência de moléculas de oxigênio num cometa foi constatada pela primeira vez, anunciaram pesquisadores nesta quarta-feira (28/10). Com a sonda espacial Rosetta, eles descobriram oxigênio molecular (O2) no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, apelidado de "Chury".

O gás de oxigênio deve ser muito antigo, remontando à origem do Sistema Solar, afirmou André Bieler, da Universidade de Bern, à revista científica britânica Nature. A descoberta inesperada coloca em questão alguns aspectos de modelos anteriores sobre a formação do Sistema Solar.

Com o espectrômetro de massa Rosina, da sonda Rosetta, os pesquisadores conseguiram examinar a composição química da nuvem de gás que se formou a partir do descongelamento do Chury, conforme ele se aproximou do Sol.

Surpreendentemente, o oxigênio molecular foi o quarto gás mais abundante detectado na atmosfera do cometa, representando 3,8% da sua composição. À sua frente estão a água (H2O), o monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2).

A Rosetta já havia encontrado átomos de oxigênio (O) no Chury. Estes surgem constantemente durante o voo do cometa, quando a radiação solar ultravioleta divide as moléculas de água que evaporam a partir do Chury. O oxigênio atômico é altamente reativo na atmosfera, mas pode ser relativamente estável nas condições do universo.

A observação de moléculas de oxigênio foi inesperada, porque os cometas são considerados matéria congelada dos primórdios do Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. Os pesquisadores esperavam que as moléculas reativas se ligassem ao hidrogênio para formar água.

"Nós nunca pensamos que o oxigênio pudesse 'sobreviver' por bilhões de anos sem se conectar a outras substâncias", explicou em comunicado a diretora do projeto Rosina, Kathrin Altwegg, da Universidade de Bern.

O oxigênio molecular já foi encontrado em luas de Júpiter e Saturno, mas, nesse caso, ele é formado regularmente pelo bombardeio de partículas de alta energia do cosmos, processo durante o qual a água é dividida. O bombardeio cósmico também atinge o Chury, mas consegue penetrar apenas alguns metros.

Nas últimas décadas, a superfície do cometa perdeu uma camada com ao menos 100 metros de profundidade. Por isso, o oxigênio abundante deve existir nele desde a sua formação, afirmam os pesquisadores.

É provável que o oxigênio tenha sido congelado antes mesmo da formação do Sistema Solar, no núcleo do cometa. "Esse indício do oxigênio como uma substância primária certamente irá colocar em questão alguns modelos teóricos sobre a formação do Sistema Solar", disse Altwegg.

AF/dpa