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50 anos da pílula

18 de agosto de 2010

Ela foi decisiva para revolução sexual da década de 60 e, por mais que a Igreja Católica condene seu uso até hoje, permanece o método contraceptivo preferido e adotado por cerca de 100 milhões de mulheres no mundo todo.

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A pílula anticoncepcional completa 50 anos no mercadoFoto: Schallaburg Kulturbetriebges.m.b.H.

Ela mudou a vida das mulheres e da sociedade como um todo: a pílula anticoncepcional. Há 50 anos, em 9 de maio de 1960, ela foi aprovada para comercialização nos Estados Unidos e, em 18 de agosto do mesmo ano, chegou ao mercado norte-americano. Desde então, é considerada uma "arma milagrosa" para o planejamento familiar.

E a pequena pílula teve consequências signifcantes. Nos países industrializados, casou uma baixa na taxa de natalidade, enquanto, nos países em desenvolvimento, tentou-se usá-la justamente para o controle da alta taxa de natalidade.

Nela estão contidos os hormônios estrogênio e progestágeno, que, em diferentes composições e dosagens, simulam a gravidez no corpo da mulher. A pílula atua direto no cérebro, freando a distribuição do hormônio liberador da gonadotrofina e impedindo a maturação dos folículos ovarianos. Sem ovulação, não há gravidez, de modo que mulheres que tomam a pílula regularmente estão quase 100% protegidas.

Desenvolvimento

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Carl Djerassi (foto), Gregory Pincus e John Rock testaram pílula numa região pobre de Porto RicoFoto: AP

O desenvolvimento da pílula hormonal se deve a duas senhoras com mais de 70 anos de idade: a milionária americana Katherine McCormick e a enfermeira Margaret Sanger encomendaram a pesquisa aos farmacólogos americanos Gregory Pincus e John Rock, e a Carl Djerassi, nascido em Viena. Eles então desenvolveram esse primeiro método de prevenção hormonal, testando-o de maneira questionável numa região pobre de Porto Rico.

Na época, a pílula era tida como uma descoberta revolucionária, capaz de mudar o mundo. O sexo sem medo de engravidar se tornaria possível. Para muitas mulheres, tratava-se de algo libertador.

Em 1961, a empresa berlinense Schering colocou no mercado a primeira pílula anticoncepcional da Europa. Nos anos que se seguiram, a taxa de natalidade nos países industrializados caiu drasticamente.

No início, a pílula era receitada pelos médicos apenas como um paliativo contra as dores provocadas pela menstruação. Porém, o efeito anticonceptivo estava impresso na bula do produto como efeito colateral. Afinal, no início dos anos 60, a sexualidade ainda era considerada tabu na sociedade alemã.

Trajetória triunfal

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No mundo todo cerca de 100 milhões de mulheres tomam pílula anticoncepcionalFoto: DW-Montage/picture-alliance/dpa

A trajetória triunfal da pílula não parou por aí. Ela foi decisiva para a revolução sexual de meados dos anos 60. A Igreja Católica, por sua vez, também reagiu frente aos efeitos do medicamento.

Na encíclica Humanae vitae, o papa Paulo 6 definiu como pecado o controle da natalidade através do uso da pílula. E essa é até hoje a opinião do Vaticano. Com o passar dos anos, o movimento feminista passou a criticar a pílula. Afinal, seus efeitos de longo prazo para o organismo não eram muito conhecidos e quem corria os riscos eram apenas as mulheres.

Mesmo hoje, o uso da pílula não é considerado completamente inofensivo do ponto de vista médico. Estudos apontam a ocorrência de possíveis efeitos colaterais, como trombose e embolia, por mais que a dosagem hormonal tenha sido aperfeiçoada diversas vezes.

Em todo o mundo, cerca de 100 milhões de mulheres tomam pílulas anticoncepcionais. Na Alemanha, elas são o método anticoncepcional mais utilizado, mesmo depois de 50 anos.

Autora: Gudrun Heise (la)
Revisão: Rodrigo Rimon