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Conferência da Iata

3 de novembro de 2010

Reunidos em conferência da Iata em Frankfurt, especialistas avaliaram segurança aérea e medidas de controle. Recentes tentativas de atentados, em pacotes vindos do Iêmen e da Grécia, revelaram falhas desconhecidas.

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Ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, passa por escaneador de corpoFoto: dapd

Especialistas em segurança aérea apontaram consideráveis lacunas no setor, durante a conferência mundial organizada pela Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata, do inglês) na terça-feira (02/11), em Frankfurt. E no entanto é cada vez mais premente a exigência de medidas abrangentes, sobretudo após os recentes atentados fracassados com os pacotes-bomba oriundos do Iêmen ou da Grécia.

O diretor geral da Iata, Giovanni Bisignani, apontou que os flancos abertos para ações terroristas nos transportes aéreos são enormes, já que, hoje, as cargas ficam, em média, cinco dias em trânsito, embora menos de 24 horas no ar.

Escaneamento problemático

Bisignani identificou um dos fatores de atraso do controle de cargas: "Até hoje, não é possível escanear engradados ou contêineres num único processo de trabalho". Marc von Huter, representante da fabricante de escaneadores para passageiros e carga Morpho Detection, explica por que não há uma solução única para escanear grandes fretes, geralmente compostos por muitos pacotes diferentes:

"São sempre necessárias várias técnicas. A começar com raios X, passando pela tomografia computadorizada, até sistemas que reconhecem traços de substâncias explosivas."

Independente dessas dificuldades técnicas, Giovanni Bisignani vê a necessidade de uma maior pressão por parte dos governos e das autoridades aéreas nacionais para que os procedimentos necessários sejam implementados rapidamente.

Quem paga a conta?

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Giovanni Bisignani, diretor geral da IataFoto: AP

Novas tecnologias, exigências e controles mais rigorosos: todos estes são fatores que encarecem a segurança no ar. E, a julgar pelos comentários do presidente da Iata, são custos que as companhias aéreas estão pouco dispostas a arcar:

"Não sei por que a segurança nos estádios de futebol ou em estações ferroviárias é uma tarefa do Estado, enquanto a segurança nos aeroportos quase sempre é feita às custas da companhia. No ano passado, as linhas aéreas gastaram mais de 5 bilhões de dólares com segurança."

Bisignani propõe a adoção da documentação eletrônica da carga. Ele mencionou o E-Freight System, que substitui por um chip documentos de frete de até 20 páginas. Desenvolvido pela Iata e introduzido desde 2001 em 44 aeroportos de 36 países, entre os quais a Alemanha, o sistema eletrônico já abarcaria 80% de todos os transportes nesses locais, economizando tempo que poderia ser utilizado para intensificar os controles de segurança.

EUA mais cooperativos

O chefe da Iata também vê potencial para a prevenção de atentados na agilização da cooperação internacional. Ele frisa que, no passado, em muitas situações de perigo, faltou tanto interação entre os fluxos de dados como maior boa vontade no intercâmbio de informações.

Ele elogiou expressamente a nova política de informações do governo norte-americano desde a posse do presidente Barack Obama. Antes, as autoridades do país procediam segundo o lema "Nós fazemos as regras, vocês as obedecem". Hoje, o Homeland Security, departamento de segurança interior dos EUA, também coordena medidas de segurança no tráfego aéreo com companhias estrangeiras e permite aos peritos do exterior acesso às instâncias competentes.

O sindicato dos pilotos de aviação alemães Cockpit igualmente exigiu um "conceito global de segurança" para o tráfego aéreo. A seu ver, os recentes pacotes-bomba revelaram falhas não conhecidas nos controles de carga. O secretário do Interior de Berlim, Ehrhart Körting, pleiteou, por sua vez, um exame coordenado, em nível mundial, de todos os sistemas de segurança na aviação.

Novas rotinas para passageiros

Giovanni Bisignani revelou que, no tocante ao tráfego de passageiros, a Iata planeja implementar procedimentos de segurança altamente eficazes e que pouparão tempo. No início de todos os controles, estarão o dos documentos de identidade providos de chip e o das impressões digitais.

Em seguida, o passageiro só precisará atravessar um túnel de aproximadamente dez metros, no qual scanners inteligentes procurarão simultaneamente por objetos metálicos perigosos e líquidos suspeitos.

No setor de passageiros, a introdução experimental de escaneadores de corpos no aeroporto de Hamburgo, no final de setembro, transcorreu "muito positiva", relatou secretário parlamentar de Estado no Ministério alemão do Interior, Ole Schröder. No setor de cargas, Schröder reivindicou, em nível europeu, aperfeiçoar os critérios de qualificação profissional dos funcionários que trabalham no setor.

AV/dw/ap
Revisão: Roselaine Wandscheer