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ReligiãoIraque

No Iraque, papa reza por vítimas do "Estado Islâmico"

7 de março de 2021

No último dia de sua viagem histórica, pontífice vai a antigo bastião do EI devastado pelos jihadistas e exorta os cristãos do país a perdoarem as injustiças cometidas contra eles por extremistas muçulmanos.

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Papa Francisco em cerimônia entre ruínas
Papa rezou entre ruínas em Mossul, antigo bastião do "Estado Islâmico" e cidade devastada pelos jihadistasFoto: Andrew Medichini/AP/picture alliance

O papa Francisco se despediu do Iraque neste domingo (07/03), concluindo uma visita de três dias com a maior missa em sua viagem ao país, diante de 10 mil pessoas em Erbil, capital do Curdistão iraquiano, na qual pediu a unidade "para um futuro de paz" no país.

O pontífice chegou a Erbil, após passar por Mossul, antigo bastião do Estado Islâmico e cidade devastada pelos jihadistas, e por Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, onde convidou os habitantes a recomeçarem as suas vidas, mostrando que "o terrorismo nunca tem a última palavra". 

A missa foi celebrada no segundo maior estádio iraquiano, o Franso Hariri, com capacidade para 30 mil pessoas, embora, devido à pandemia, tenha sido decidido que apenas um terço da capacidade poderia ser esgotada.

"O Iraque sempre permanecerá comigo, em meu coração. Peço a todos vocês, queridos irmãos e irmãs, que trabalhem juntos em unidade por um futuro de paz e prosperidade que não discriminem ou deixe ninguém para trás", disse ele em sua mensagem final, que foi interrompida várias vezes por aplausos da plateia. Ele dedicou suas orações a "esta pátria amada" e, em particular, aos "membros das várias comunidades religiosas".

Cristãos de diferentes confissões

O sumo sacerdote recordou em sua mensagem "os cristãos de diferentes confissões, muitos dos quais aqui derramaram seu sangue pela mesma terra".

"Mas os nossos mártires brilham juntos, estrelas no mesmo céu. De lá nos pedem que caminhemos juntos, sem hesitação, para a plenitude da unidade", acrescentou. O pontífice agradeceu o trabalho das autoridades religiosas do país "que tanto trabalharam por esta viagem" e a todos aqueles que prepararam a visita e o acolheram com afeto, em particular o povo curdo.

"Nestes dias vividos com vocês, tenho ouvido vozes de dor e angústia, mas também vozes de esperança e de consolo. E isto se deve em grande parte a essa incansável obra de bem que foi possível graças às instituições de cada confissão religiosa", acrescentou.

Com a missa em Erbil, o papa finalizou uma viagem em que manteve compromissos históricos, como o encontro com o grande aiatolá Ali al-Sistani, a mais alta autoridade religiosa xiita no país, e a visita a Ur, onde segundo a tradição teria nascido o profeta Abraão. Francisco tornou-se o primeiro papa a visitar o território iraquiano.

Depois de viajar de avião, helicóptero e de carro blindado por um país que emergiu há três anos de um conflito sangrento contra o grupo jihadista "Estado Islâmico", o papa Francisco teve na sua agenda de domingo mais momentos de contato direto com o público, em especial junto à comunidade católica do Iraque em Erbil.

Oração entre ruínas

Em Mossul – talvez a parada mais emblemática de sua turnê pelo Iraque –, o papa rezou pelas vítimas do "Estado Islâmico", na localidade que foi reduto do grupo terrorista no norte do Iraque entre 2014 e 2017. A cerimônia foi realizada entre os escombros de uma cidade devastada pelos jihadistas.

Em Mossul, o papa Francisco exortou os cristãos do Iraque a perdoarem as injustiças cometidas contra eles por extremistas muçulmanos e reconstruírem a região enquanto visitava as ruínas de igrejas. "A fraternidade é mais duradoura do que o fratricídio, a esperança é mais poderosa do que o ódio, a paz, mais poderosa do que a guerra'', ressaltou o pontífice durante as orações pelos mortos na cidade, com um apelo pela tolerância, que foi a mensagem central de sua visita ao Iraque.

A última localidade visitada pelo Santo Padre foi Qaraqosh, onde foi restaurada completamente a igreja Al Tahira, incendiada pelos jihadistas. A cidade é símbolo do renascimento da cultura cristã no Iraque. A maioria dos cristãos do Iraque vivia nesta área, na planície de Nínive, mas muitos fugiram dali em 2014 e se refugiaram no Curdistão iraquiano. Desde então, apenas algumas dezenas de milhares deles voltaram.

md (AFP, DPA, EFE)