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Reações à decisão da Fifa

30 de outubro de 2007

Ídolo do futebol alemão elogia escolha do Brasil para sediar a Copa 2014. Para Lúcio, Mundial é uma chance para melhorar o país. Parte da imprensa alemã avalia com ceticismo a decisão da Fifa.

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Ricardo Teixeira (d.) na apresentação da candidatura brasileira em ZuriqueFoto: AP

O anúncio oficial do país-sede da Copa 2014, nesta terça-feira (30/10) em Zurique, foi festejado não só pelos brasileiros. O show da candidatura, que apresentou o Brasil como um país progressista, entusiasmou também dirigentes e ídolos do futebol mundial.

"Espero que tudo aconteça conforme os brasileiros imaginam. É uma decisão perfeita. Nenhum outro país gerou tantas estrelas do futebol como o Brasil", disse o "kaiser" Franz Beckenbauer, membro do Comitê Executivo da Fifa, responsável pela escolha.

Segundo o presidente da Fifa, Joseph S. Blatter, apesar de o Brasil ter sido candidato único, as exigências talvez foram maiores do que teriam sido com concorrentes. A Copa terá uma enorme influência social sobre o país".

O presidente da União Européia de Futebol (Uefa), Michel Platini, foi até mais entusiasta do que Blatter. "O Brasil é o berço do futebol. Eu gostaria de ainda pode jogar para poder atuar lá. Todo amigo do futebol tem de se alegrar com o fato que a Copa será no Brasil".

O zagueiro Lúcio, capitão da seleção brasileira e do Bayern de Munique, disse à agência alemã de notícias esportivas Sid, em Munique, que "a Copa será boa para o Brasil porque melhorará muita coisa: hotéis, aeroportos, estádios. Temos sete anos para criar as estruturas necessárias".

Cooperação com a Alemanha

A Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) já assinou no ano passado um memorando de cooperação com a Confederação da Indústria Alemã (BDI) para transferência de know-how alemão da Copa 2006 para a Copa 2014 no Brasil.

Segundo a Sid, nas áreas de transportes, mídia/telecomunicação, segurança e sistema de saúde, os inspetores da Fifa vêem o Brasil num bom caminho, mas recomendam à entidade máxima do futebol que faça um controle constante in loco.

"Além disso, num país em que a corrupção faz parte do negócio, é preciso ficar atento à aplicação do dinheiro público. Afinal, o planejado financiamento de 90% dos custos pelo setor privado está longe de ser garantido", escreve a agência alemã.

Ceticismo da mídia

Parte da mídia alemã avaliou com ceticismo a escolha do Brasil, que já era certa e só foi formalizada em Zurique. Alguns analistas esportivos duvidam da capacidade do país para sediar o segundo maior evento esportivo do mundo, depois das Olimpíadas.

Sob o título "Pesadelo futebolístico", o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung desta terça-feira (30/10) comenta: "Todo brasileiro quer e acredita que seu país conseguirá realizar essa tarefa. O pesadelo então seria: o Brasil organiza a Copa 2014, mas ninguém aparece. Isso é improvável, mas não se pode descartar. A Copa pode sobrecarregar até mesmo o país do futebol. O Brasil pode muito bem precisar para sua economia o impulso dado por um grande evento, como a Copa, mas o país não está minimamente preparado para isso."

A revista Focus, de Munique, faz uma avaliação semelhante. "Nenhum candidato concorrente, todos os prazos cumpridos e luz verde do grupo de inspetores – só os sul-americanos ainda podem obstruir o próprio caminho, no segundo Mundial depois de 1950".

A Focus lembra que a CBF estimou em 765 milhões de euros os investimentos necessários para reformar ou construir os 18 estádios, "uma quantia que os inspetores da Fifa vêem com cautela. Os 12 estádios da Copa na Alemanha teriam custado o dobro".

Já o Neue Zürcher Zeitung, de Zurique, destaca as palavras de um "filósofo do futebol" brasileiro, Sócrates, que estaria prevendo grandes desvios de dinheiro com o Mundial. "Como empresário, eu não investiria na Copa", teria dito o ex-capitão da seleção canarinho.

A versão eletrônica do jornal suíço conclui com uma frase enigmática do ex-técnico da seleção brasileira, Wanderley Luxemburgo: "Muitos brasileiros não entendem como a Copa pode ser realizada num país em que o povo passa fome." (gh)