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HistóriaFrança

Paris homenageia heroína da resistência contra a escravidão

26 de setembro de 2020

Cidade inaugura parque dedicado a Solitude, que lutou pela liberdade de escravos em Guadalupe, e anuncia construção de estátua da heroína. Monumento será o primeiro da cidade a homenagear uma mulher negra.

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Prefeita de Paris, Anne Hidalgo, discursa na inauguração de parque em homenagem à heroína negra da resistência contra a escravidão
Prefeita de Paris, Anne Hidalgo, discursa na inauguração de parque em homenagem à SolitudeFoto: Lewis Joly/AP/picture-alliance

Paris inaugurou neste sábado (26/09) um parque em homenagem a uma mulher negra que lutou pela libertação de escravos na ilha caribenha de Guadalupe. A prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo, anunciou também os planos para erguer uma estátua de Solitude no local. Esse será o primeiro monumento da cidade a homenagear uma mulher negra.

"Paris está homenageando Solitude, uma figura da resistência contra a escravidão em Guadalupe, dedicando um parque a ela. Em breve, uma estátua desta heroína – a primeira de uma mulher negra em Paris – será erguida lá. Um símbolo forte para nunca esquecer sua luta", escreveu Hidalgo em sua conta no Twitter.

Segundo a prefeita, Solutide "com sua coragem e compromisso com a justiça e dignidade abriu caminho para a abolição definitiva da escravidão na França".

Solitude nasceu em 1772, filha de uma escrava africana que havia sido estuprada por um marinho branco que a trazia para as Antilhas. Embora a escravidão tivesse sido abolida na França em 1794, Napoleão Bonaparte ordenou o restabelecimento da prática nas colônias francesas e enviou tropas para Guadalupe em 1802.

A mudança gerou revolta e muitas mulheres negras que eram ex-escravas se rebelaram. Solitude aderiu ao movimento de resistência. Com apenas 30 anos e grávida, ela foi presa e condenada à morte. Em 28 de novembro de 1802, ela deu à luz e, no dia seguinte, foi enforcada. A França aboliu a escravidão novamente apenas em 1848.

Guadalupe continua sendo um departamento ultramarino da França e também foi palco de protestos contra a injustiça racial que eclodiram no mundo após a morte do afroamericano George Floyd, nos Estados Unidos, em maio deste ano, vítima de violência policial.

Em meio a protestos globais contra monumentos dedicados a homens brancos ligados ao colonialismo ou ao comércio de escravos, os líderes franceses têm resistido à ideia de derrubar estátuas e defendido a construção de novos monumentos dedicados a figuras históricas mais diversas e menos conhecidas.

CN/ap/afp