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Parlamento turco dá aval ao envio de tropas à Líbia

2 de janeiro de 2020

Erdogan recebe luz verde para decidir tamanho e alcance de missão em apoio ao governo interino líbio, que enfrenta rebeldes apoiados por Rússia e Egito. Oposição turca diz que intervenção pode acirrar conflito.

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Soldados turcos
A Turquia é um dos poucos países que apoia ativamente o GANFoto: picture-alliance/AA/H. Fidan

O Parlamento da Turquia aprovou nesta quinta-feira (02/01) uma moção que permite ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, enviar militares para a Líbia em apoio ao interino Governo do Acordo Nacional (GAN) líbio, que enfrenta as forças do marechal Khalifa Haftar. O movimento abre caminho para uma cooperação militar entre Ancara e Trípoli.

A moção, contestada por todos os partidos da oposição, foi aprovada por 325 votos a favor e 184 contra. O Parlamento concedeu ao governo um mandato de intervenção na Líbia por um ano. Críticos disseram que a medida pode acirrar o conflito líbio, além de colocar em risco militares turcos e a segurança nacional do país.

A intenção do envio de soldados à Líbia foi anunciada por Erdogan no final de dezembro em apoio ao governo de Fayez al-Sarraj. Ancara afirma que o destacamento é necessário para salvaguardar os interesses turcos na Líbia e no Mediterrâneo oriental. A moção permite que o governo decida sobre o alcance, a força e o momento do início da missão.

O vice-presidente turco, Fuat Oktay, disse à agência estatal de notícias Anadolu que a Turquia enviará "o número necessário [de militares] sempre que for necessário". Mas indicou também que o país pode desistir da medida se Haftar parar a ofensiva

Assim como Catar, a Turquia é um dos poucos países que apoia ativamente o GAN. Já Haftar conta com apoio do Egito, Emirados Árabes e Rússia. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera que tanto o general quanto o governo de Trípoli estão recebendo carregamentos de armas que violam o embargo existente.

A Líbia é palco de um conflito, alimentado por potências regionais rivais, que destrói o país desde a queda do regime de Muammar Kadafi em 2011.

O envio de tropas turcas ao país ocorreu depois de Ancara e a GAN assinarem em novembro dois acordos de cooperação militar e de segurança, durante visita a Istambul do primeiro-ministro líbio, Fayez al-Sarraj. O pacto permite às duas partes se enviarem mutuamente pessoal militar e policial para missões de treino e formação, indicaram fontes turcas.

Após o sinal verde do parlamento turco, o ministro do Interior líbio, Fathi Bashagha, disse que Trípoli solicitou o apoio militar devido a uma "escalada perigosa" no conflito. "Como único legítimo e soberano governo da Líbia, a GAN é a entidade singular com o direito de formalizar as alianças militares necessárias para proteger nossa nação", destacou.  

O GAN está sediado em Trípoli, alvo desde abril de uma ofensiva do Exército Nacional Líbio do marechal Khalifa Haftar, homem forte do leste do país.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou nesta quinta-feira Erdogan sobre os riscos da "interferência estrangeira" na Líbia. A Casa Branca disse que Trump discutiu o envio de militares a região com seu homólogo turco. "Trump disse que a interferência estrangeira está complicando a situação na Líbia", afirmou a nota.

Após a luz verde do Parlamento turco, cabe a Erdogan decidir se deve enviar as tropas ou se o apoio autorizado terá outro formato.

CN/lusa/afp/rtr

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