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"Parte da sociedade é responsável pelos 500 mil mortos"

21 de junho de 2021

Ativistas espalham centenas de rosas na praia de Copacabana, no Rio, em memória aos 500 mil mortos pela covid-19 no Brasil. "Parte da sociedade deu apoio cego, fanático e incondicional a alguém que, em nenhum momento dessa pandemia, demonstrou empatia pelo povo brasileiro", afirma Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz.

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Ativistas espalharam neste domingo (20/06) centenas de rosas na praia de Copacabana, no Rio, em memória aos 500 mil mortos pela covid-19 no Brasil. Promovida pela ONG Rio de Paz, a ação foi um gesto de repúdio à forma como o governo Bolsonaro vem conduzindo a crise sanitária. 

Para a organização, parte da sociedade é também responsável pelo caos por se calar diante das falhas consecutivas cometidas pelo presidente. Bolsonaro promoveu medicamentos e tratamentos sem eficácia comprovada, desacreditou o uso de vacinas e criou dificuldade para compras de doses e aprofundou a crise econômica vivida pelos brasileiros.

"É um ato de solidariedade às famílias enlutadas, e um repudio à forma como o governo federal conduziu essa crise. Os números são muito humilhantes para a nossa democracia", afirmou Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz. "É um país no qual, infelizmente, a santidade da vida humana não é respeitada. Isso é traço da nossa cultura, e esse fato se tornou evidente nesta pandemia, em especial por força do tratamento que o governo federal deu ao povo brasileiro."

O silêncio no local era interrompido apenas por gritos de "Fora, Bolsonaro". A ONG formou uma cruz com 500 rosas fincadas nas areias da praia, e uma faixa perguntava: "Meio milhão de mortos. Onde erramos?"

"Onde erramos? A sociedade tem que responder essa pergunta, porque parte dela, infelizmente, deu apoio cego, fanático e incondicional a alguém que em nenhum momento dessa pandemia demonstrou empatia pelo povo brasileiro", frisou Costa.

Os pedestres que passavam pelo calçadão observavam o ato e aplaudiam o gesto. Outros demonstravam sua raiva com a situação sanitária do país. "Eu acho um ato muito justo, porque chegar a meio milhão de mortos num país como o Brasil, onde a gente já podia ter iniciado a vacinação bem antes", contou o empresário Maxwell Almeida.

A estudante Keren Barbosa disse que a situação no país é uma lástima. "Não deveria ser assim. Mas é culpa do Jair Messias Bolsonaro, tem de dizer o nome dele: Jair Messias Bolsonaro. Ele é o culpado", acrescentou.

No dia em que o Brasil cruzou a marca de 500 mil mortes por covid-19, movimentos antibolsonaristas voltaram a protestar contra o presidente em todo o país. Também houve atos no exterior, em cidades como Berlim, Londres e Lisboa. Uma das pautas das manifestações de sábado (19/06) foi o impeachment de Bolsonaro. Contudo, apesar da catástrofe sanitária e da reprovação ao presidente, o tema ainda tem resistência no Congresso.