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Patrimônio Cultural, e daí?

Michael Brückner / lk26 de junho de 2003

Faz um ano que Stralsund, Wismar e o Vale do Médio Reno foram incluídos na lista do Patrimônio da Humanidade da Unesco. Uns continuam se alegrando com o fato, enquanto outros se irritam com a falta de conseqüências.

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Prefeitura e Igreja de São Nicolau na praça central de StralsundFoto: AP

Ser incluído na lista do Patrimônio Cultural da Humanidade ainda é visto como uma distinção para sítios históricos, obras de arte e, desde mais recentemente, paisagens como um todo. Fazer parte daquilo que de melhor a humanidade produziu ao longo de sua história, ao lado das pirâmides de Gizeh e da Muralha da China, contribui para levantar o moral de um país. Gestores de patrimônio alegram-se com a perspectiva de conseguir mais recursos, o setor de turismo, com o aumento da atratividade da região.

A entrega dos certificados oficiais sobre a inclusão dos centros históricos de Wismar e Stralsund no Patrimônio Cultural da Humanidade, cerca de um mês atrás, foi comemorada com festas populares nas duas cidades hanseáticas situadas na costa do Mar Báltico. E isso que o anúncio da inclusão já tinha sido feito em 2002. O prefeito de Stralsund, Harald Lastovka, por exemplo, chegou a classificar o certificado da Unesco de um dos três mais importantes documentos da história da cidade — ao lado do registro de sua fundação em 1234 e do Acordo de Paz de Stralsund de 1370.

Decepção no Vale do Reno

Loreley am Rhein
O Vale do Médio Reno visto a partir do penhasco de LoreleyFoto: AP

Enquanto o pessoal no leste da Alemanha ainda se alegra com esse tipo de distinção, no "velho" oeste da República predomina a decepção. Como na região do Médio Reno. O pitoresco trecho entre Bingen e Koblenz, cantado em verso e prosa com seus inúmeros castelos medievais, foi elevado à categoria de Patrimônio da Humanidade no verão de 2002. A região, que depende do turismo, passou a alimentar a esperança de que a inclusão na lista fizesse reverter a tendência de queda registrada de uns tempos para cá. O que aconteceu foi o contrário: o número de turistas diminuiu, desde então, ainda mais do que nos anos precedentes. Em comparação com 2001, o número de pernoites na região diminuiu 5,6%, caindo para 1,87 milhão.

"No fundo, a candidatura para a inclusão na lista foi para incrementar a preservação do Vale do Reno", diz Anton Neugebauer, responsável pela proteção do patrimônio na Secretaria de Cultura do Estado da Renânia-Palatinado. O "selo de qualidade" concedido pela Unesco deve funcionar como "uma alavanca para conseguir mais". Mas as melhorias ficam por conta da própria região, acrescenta.

O efeito psicológico, no entanto, não deve ser subestimado, adverte Neugebauer, mesmo que ele não se expresse imediatamente num aumento do número de turistas. Se a consciência sobre o patrimônio cultural for despertada e contribuir para a correção de certas tendências equivocadas e o desenvolvimento de uma infra-estrutura apropriada, os viajantes acabarão se deixando atrair com o tempo, afirma convicto.

Importante é a iniciativa própria

Das alte Rathaus von Bamberg
A antiga prefeitura de BambergFoto: Illuscope

Ninguém deve contar com grande ajuda dos cofres públicos, só porque sua região foi incluída no Patrimônio Cultural da Humanidade, confirma Herbert Lauer, prefeito de Bamberg, no sul da Alemanha: "A União, principalmente, pouco fez por Bamberg desde então; pelo contrário, até cortou subsídios e fechou algumas repartições públicas", relatou ele à DW-WORLD. No próximo 11 de dezembro, a cidade já vai completar dez anos de inclusão na lista da Unesco. Na oportunidade, vai ser criada uma Fundação Patrimônio Cultural da Humanidade com a finalidade de, por exemplo, conceder subsídios a particulares dispostos a restaurar edifícios antigos de sua propriedade.

A verdade é que Bamberg tem contado com ajuda generosa do Estado Livre da Baviera na preservação de seu magnífico patrimônio urbanístico. Ainda assim, Herbert Lauer acha que o certificado da Unesco traz mais um ganho psicológico. Representa, porém, ao mesmo tempo uma responsabilidade: a de tirar o melhor proveito possível dele por meio da iniciativa própria.