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Peritos veem motivação ideológica no atentado de Munique

4 de outubro de 2017

Painel de especialistas afirma que promotoria minimizou aspecto racista e xenófobo do ataque ocorrido em shopping center da cidade ao apresentar bullying na escola como motivação central.

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Policiais no shopping center onde ocorreu o atentado, em 22 de julho de 2016Foto: Getty Images/J. Koch

Três peritos contratados pela administração de Munique avaliaram que o massacre num shopping center da cidade, ocorrido há cerca de um ano, foi motivado por convicções ideológicas de extrema direita do atirador David S., de 18 anos.

Em 22 de julho de 2016, David S. matou a tiros oito jovens entre 14 e 20 anos e uma mulher de 45. Em seguida, suicidou-se. Para os peritos, as autoridades minimizaram a dimensão racista e xenófoba do caso e o fato de o atirador ter planejado minuciosamente seu ataque.

O relatório dos peritos, divulgado nesta quarta-feira (04/10) pelo jornal Süddeutsche Zeitung e pela emissora WDR, chegou a uma conclusão diferente da defendida pela promotoria pública, para quem o principal motivo de David S. era o bullying que sofrera na escola.

Os peritos destacaram que David S. matou apenas pessoas que tinham evidentes raízes migratórias. Além disso, ele escolheu como data do massacre o aniversário do atentado cometido pelo extremista de direita norueguês Anders Breivik, que David S. via como modelo.

David S. também não escolheu a escola onde sofreu bullying como cenário do seu massacre e não conhecia nenhuma das suas vítimas. Ele sabia, porém, que no shopping center circulavam muitas pessoas com raízes migratórias.

Para os peritos, David S. – que tinha origens iranianas – queria mostrar que era um "verdadeiro alemão" com seu desprezo por migrantes.

Os peritos basearam sua análise nas atas dos promotores públicos sobre a investigação do caso. Dois dos peritos concluíram que se trata de um crime motivado por ódio racial, e um deles falou em terrorismo de extrema direita cometido por um lobo solitário.

Reação

Depois da divulgação do relatório pela imprensa, a promotoria pública de Munique manteve sua interpretação e afirmou que o atentado cometido por David S. não teve apenas motivações de extrema direita.

"Como dito desde o início, há um grande conjunto de motivações em David S., entre elas uma rude visão de mundo pseudo nacional-socialista ou de extrema direita, construída por ele mesmo. Claro que ele tinha uma tendência extremista de direita, mas seria errado reduzir suas motivações a esse aspecto", afirmaram os promotores.

A promotoria lembrou que também contratou peritos para avaliar as motivações de David S, e estes concluíram que o jovem sofria com os anos de bullying na escola.

AS/epd/dpa/afp