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Pesquisadores alemães testam comportamento de multidões

Fabian Schmidt (cn)8 de julho de 2013

Em simulação, especialistas usam matemática para entender os riscos de grandes aglomerações em espaços pequenos e tentar desenvolver fórmulas que possam evitar tragédias.

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Foto: Forschungszentrum Jülich/Marc Strunz-Michels

São mil voluntários – entre estudantes, trabalhadores e donas de casas – trancados numa sala. Todos usam um chapéu branco com código-QR e têm seus movimentos minuciosamente filmados por câmeras posicionadas no teto. O desafio deles é simples: deixar o local, da forma mais ordenada possível, quando receberem a ordem.

O experimento é dos especialistas do Centro de Pesquisas Jülich, na Alemanha. Eles querem entender melhor, usando a matemática, o comportamento de pessoas quando em multidão e melhorar as medidas segurança em locais de grande concentração, como jogos de futebol e shows.

Durante os três dias de experimento, os participantes se empurraram por corredores estreitos e se espremeram em salas apertadas no centro de conferência de Düsseldorf. Claustrofóbicos não puderam participar. Além do chapéu com o código de barras, os participantes usaram também uma pulseira vermelha ou amarela.

O coordenador do projeto, Armin Seyfried, deixou os voluntários em uma sala com quatro portões. E pediu que quem estivesse usando a pulseira vermelha saísse pelo portão indicado com a luz vermelha e os com as pulseiras amarelas saíssem pelos indicados em amarelo.

BaSiGo Experiment Gedrängel im Versuchsaufbau
Código de barras identifica participantesFoto: Forschungszentrum Jülich/Marc Strunz-Michels

No início, todos caminharam um pouco confusos. Mas não demorou até que a sala estivesse totalmente vazia. Maik Boltes, formado em informática, acompanhou a confusão com 30 câmeras instaladas em cima dos participantes.

Boltes conseguiu identificar cada um dos participantes por meio dos códigos de barras. Para participar do experimento, todos tiveram que preencher um formulário com dados pessoais, como sexo, peso e informações que poderiam influenciar em seu comportamento.

"Assim, é possível analisar visivelmente, por exemplo, como pessoas menores se comportam e se mulheres se comportam de forma diferente dos homens", explica Boltes.

O cientista também observou o comportamento de grupos nessa situação. Para isso, antes do experimento, cada participante precisou informar se participava de algum grupo.

"Como se comporta esse grupo na multidão? Eles caminham juntos ou isolados? Essas são as perguntas que nos interessam", diz Boltes, que explica que, no computador, as pessoas se transformam em pontos coloridos.

Mapas mostram movimentação

O físico Armin Seyfried conta que áreas vermelhas indicam onde as pessoas ficaram paradas e as verdes apontam onde o trânsito fluiu. "Assim podemos identificar onde surgem congestionamentos, quanto tempo eles duram e o tamanho deles", diz o pesquisador.

Pessoas em movimento ocupam mais espaço do que paradas e, por isso, o computador as aponta como elipses. Assim, pessoas em paralelo se movimentam mais rápido do que em fila.

"Nós queremos descobrir, principalmente, como surgem congestionamentos, como eles podem ser retardados ou como eles podem ser evitados, por exemplo, através de modificações nas construções ou no emprego de caminhos mais ágeis", diz o engenheiro civil Stefan Holl. "Qual é a largura ideal de saídas e caminhos? De quanto espaço eu preciso para absorver um congestionamento? E como posso otimizar o fluxo de pessoas em uma encruzilhada?"

As respostas para essas perguntas poderão ser aplicadas na construção de estações ferroviárias e aeroportos. Grandes eventos podem ser mais bem planejados. No final do projeto, Seyfried pretende dividir suas descobertas com arquitetos, organizadores de evento, bombeiros e polícia, para que elas sejam aplicadas no cotidiano.

BaSiGo Experiment Gedrängel im Versuchsaufbau
Programa analisa as situações e indica onde ocorrem congestionamentosFoto: Forschungszentrum Jülich

Segundo Seyfried, é possível perceber, como em um jogo de computador, como as multidões se estruturam em espaços. Assim, um organizador de evento pode simular como 10 mil pessoas se deslocariam para determinada direção. "E quando aparecerem situações perigosas, o plano precisa ser deixado de lado e deve-se buscar alternativas", completa.

Se a advertência não for levada a sério, afirma, pode ser tarde para evitar tumultos. Durante essa situação, alto-falantes poderiam tentar indicar outros caminhos para a saída, mas, segundo o pesquisador, num certo momento, já com uma determinada densidade de pessoas, passa a ser impossível alcançá-las. "Em uma multidão não é mais possível perceber o que acontece a um ou dois metros", alerta Seyfried.