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Pirataria na arquitetura: mito ou realidade?

Ananda Grade (ca)25 de abril de 2013

Plágio, pirataria e imitação estão presentes em muitas indústrias criativas. Copiar também é parte da história da arquitetura. Mas isso não parece incomodar arquitetos de renome internacional: eles parecem até gostar.

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Foto: Fotolia/©dicktraven

Na indústria musical, a pirataria é frequentemente motivo de evocar, em alto e bom tom, o fim do setor. Agora, um caso na arquitetura vem atraindo a atenção pública. O renomado escritório da arquiteta-estrela Zaha Hadid, britânica de origem iraquiana, entrou com um processo alegando "cópia pirata" de um projeto seu, o Wangjing SOHO, localizado em Pequim.

O imponente complexo arquitetônico, ondulado e curvilíneo também está sendo erguido, de forma quase idêntica, em Chongqing, no sudoeste chinês. O escritório de arquitetura de Zaha Hadid entrou com uma queixa-crime, num processo jurídico transnacional dispendioso e complicado.

Como cada país define o que é propriedade intelectual? Trata-se de um edifício funcional ou de conceitos originais? Nesse meio-tempo, o escritório de Zaha Hadid retirou a queixa – a pedido do cliente. Ele não queria conferir ainda mais publicidade ao plágio.

Bildergalerie : "Piraterie in der Architektur"
Cópia de projeto de Hadid está sendo construída em ChongqingFoto: picture-alliance/dpa

Pirataria na arquitetura?

Não é a primeira vez que a descarada política de propriedade intelectual na China vira manchete. Em 2011, os chineses fotografaram o vilarejo austríaco de Hallstatt, elevado a Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, reconstruindo-o em todos os detalhes na província de Guangdong, no sul do país. Rapidamente, a expressão "piratas da arquitetura" estava em todas as bocas.

A conclusão simplista era: a pirataria tomou de assalto a indústria de bens de consumo, agora ela parte contra a arquitetura. Parece lógico, mas na verdade o raciocínio é bem questionável.

Normalmente, ri-se no escritório de Hadid, quando um arquiteto reclama que alguém plagiou seu trabalho. Pois, a cena de arquitetura vive disso. Estilos de prédios, plantas ou determinadas "tipologias" sempre foram copiados, assim, uma ideia se torna uma corrente, que por sua vez se desenvolve em estilo de época.

Pirataria faz escola

Edifícios famosos são copiados em todo o mundo. Basta pensar no Palácio de Versalhes. "Ficamos contentes quando outros trabalham de forma semelhante a nós e encontram aprovação dos clientes. Assim, nosso estilo ganha mais influência e o sucesso se reflete de volta para nós", analisa o arquiteto Patrick Schumacher, sócio de Zaha Hadid. Isso também vale para arquitetos na China. Ali, Zaha Hadid se tornou bastante conhecida.

Patrik Schumacher bei der Digital Life Design Konferenz
Arquiteto Patrick SchumacherFoto: picture alliance/Jan Haas

O plágio em Chogqing foi uma exceção. No entanto, esse caso e a cópia de Hallstatt deram a impressão de que a China é um país de plagiadores da arquitetura.

Mas essa impressão engana, afirma Axel Bienhaus, arquiteto do escritório Albert Speer & Partner (AS&P): "Devido a sua enorme força econômica, a China está no foco. Não constato que lá existam mais plágios de projetos do que na Rússia ou em outros lugares do mundo". A AS&P constrói em vários países do mundo, e até agora só tem tido boas experiências. De qualquer forma, um plágio na arquitetura é difícil de definir: "As transições entre um plágio, uma citação – ou um desenvolvimento – são fluidas na arquitetura", disse Bienhaus.

Wohngebäude Oval von AS&P
Edifício residencial 'Oval', do escritório AS&P, em FrankfurtFoto: picture-alliance/dpa

Além disso, os projetos tornam-se cada vez mais complexos e maiores. Os arquitetos têm de trabalhar em equipe para alcançar seu objetivo. Há também a variedade de estilos e influências. A importância desse desenvolvimento conceitual coletivo é ensinada por Hadid e Schumacher em diversas universidades. "Para nós, é importante que novas ideias sejam lançadas, recombinadas, dando origem a algo criativo, original", resume Schumacher.