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História

Placas em homenagem a vítimas do nazismo somem na Alemanha

2 de fevereiro de 2020

Cinco "pedras de tropeço" em memória de uma família judia assassinada no Holocausto são retiradas por engano durante obras em calçada na cidade de Plettenberg. Memoriais de latão teriam ido parar em depósito de entulhos.

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Com o celular, pessoa tira foto de uma série de "Stolpersteine" instaladas em calçada
Atualmente há 75 mil "Stolpersteine" espalhadas em vários paísesFoto: picture-alliance/dpa/U. Perrey

A cidade alemã de Plettenberg admitiu neste sábado (01/02) que cinco Stolpersteine ("pedras de tropeço"), paralelepípedos que lembram vítimas do regime nazista, sumiram de uma calçada da cidade após obras no local. Os monumentos teriam sido jogados em um depósito de entulhos.

Trabalhadores retiraram as pedras memoriais durante uma obra para a colocação de cabos no endereço Alte Markt 3, que foi residência da família Heilbronn. Em 1942, os pais Helene e Alex foram assassinados no campo de concentração de Treblinka, enquanto seus filhos Egon, Jenni e Hannelore, de apenas cinco anos, morreram em Zamość.

A retirada das cinco placas ocorreu no início do ano passado, mas a polêmica só veio à tona agora. Nesta semana, uma associação histórica local revelou que as pedras foram retiradas da calçada onde prestavam homenagem à família judia e depois jogadas num depósito para resíduos de construção, informou o jornal local Märkischer Zeitung.

Para o jornalista Johannes Opfermann, a revelação só foi feita após a participação do prefeito de Plettenberg, Ulrich Schulte, em um evento em homenagem às vítimas do Holocausto no cemitério judeu da cidade na segunda-feira passada.

Diante da divulgação do ocorrido, Schulte veio a público descrever a perda como "muito chata".

Segundo o diretor de construções da cidade, Sebastian Jülich, tanto a empresa responsável pelas obras na calçada quanto o supervisor do projeto foram avisados "muitas vezes" sobre a presença de Stolpersteine no local.

"Isso infelizmente não funcionou; as pedras foram descartadas", disse Jülich. Ele acrescentou que, em outros locais onde obras semelhantes foram realizadas e havia as chamadas "pedras de tropeço", essas placas foram guardadas e protegidas durante a colocação dos cabos.

O diretor de construções afirmou ainda que a empreiteira em questão, que havia sido subcontratada por uma empresa de telecomunicações, pagou 280 euros (cerca de 1.330 reais) pela instalação – ainda aguardada – de cada nova placa.

"O mais importante é que as pedras sejam substituídas na calçada", afirmou o prefeito Schulte, acrescentando que enxerga as Stolpersteine como uma forma muito importante de lembrar as vítimas do regime nazista de Adolf Hitler.

A cidade de Plettenberg, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste da Alemanha, possui cerca de 25 mil habitantes e conta com 13 "pedras de tropeço" em homenagem a antigos habitantes judeus assassinados durante o Holocausto.

As Stolpersteine são placas, geralmente de 10 por 10 centímetros, de concreto e cobertas de latão, feitas à mão. Elas contêm gravações com informações sobre cada vítima, normalmente com frases como "aqui viveu", "aqui nasceu" ou "aqui trabalhou", e são colocadas nas calçadas em frente aos respectivos endereços.

Iniciado em 1996 pelo artista alemão Gunter Demnig, o projeto das "pedras de tropeço" se tornou o maior memorial descentralizado do mundo, uma "escultura social" que envolve voluntários, estudantes, escolares e familiares de vítimas do Holocausto por todo o mundo.

Elas homenageiam as vítimas do regime de Hitler, tanto os assassinados em Auschwitz e outros campos, como também os sobreviventes e os que escaparam, fugindo para territórios palestinos, Estados Unidos e outras partes do mundo.

A grande maioria homenageia vítimas judias, mas também existem placas para membros das etnias nômades sinti e roma, para dissidentes ou mortos nos programas de eutanásia em massa, assim como para os que os nazistas tachavam de "associais".

Recentemente, em dezembro de 2019, o projeto instalou sua pedra de número 75 mil. A primeira foi instalada em Berlim, onde há mais de 7 mil delas. Atualmente elas estão em mais de 1.200 cidades na Alemanha. Placas foram colocadas ainda em outros 24 países, incluindo Áustria, Bélgica, França, Grécia, Itália, Polônia e até na Argentina.

EK/dw

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