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Criminalidade

Rio registra recorde de mortos em ações policiais

22 de agosto de 2019

Sob Witzel, mortes em ações policiais em julho registram maior número para um mês desde 1998. Desde janeiro, 1.075 pessoas já morreram em intervenções policiais. Secretário diz que "tendência é de subida até dezembro".

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Mortes decorrentes de ações de agentes do Estado aumentan exponencialmente no Rio de Janeiro
Mortes decorrentes de ações de agentes do Estado aumentan exponencialmente no Rio de JaneiroFoto: picture-alliance/Pacific Press/C. H. Gardiner

Dados divulgados nesta quarta-feira (21/08) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam que o número de mortes oficiais decorrentes de intervenções de agentes do estado no Rio de Janeiro aumentou exponencialmente, chegando a 194 casos no mês de julho.

Os números do ISP, uma autarquia ligada ao governo estadual, são os maiores registrados para um mês desde o início do levantamento, em 1998, e representam um aumento de 49% em relação a julho do ano passado. Em comparação com o mês de junho deste ano, o aumento foi de 29%. Anteriormente, o maior número de mortes em um mês foi registrado em agosto de 2018, com 176 óbitos.

Segundo a avaliação do ISP, os dados revelam uma média de cinco pessoas mortas por dia pela polícia do estado desde o início do ano. No acumulado de janeiro a julho, são 1.075 casos – cerca de 20% a mais do que no mesmo período do ano passado.  

Em todo o estado do Rio, agentes foram responsáveis em julho por 37,4% dos casos de letalidade violenta –  que engloba homicídios dolosos, roubos seguidos de morte, lesões corporais seguidas de morte e mortos em ações policiais.

No acumulado do ano, policiais foram responsáveis por 30,14% de todas as mortes violentas no estado. Com as 1.075 mortes registradas nos sete meses de 2019, agentes do Rio já superaram a marca de outros 15 anos contabilizados pelo ISP desde 1998, que consideraram períodos de 12 meses. No ano em que o levantamento teve início, 397 pessoas morreram em ações policiais no Rio ao longo de 12 meses.    

Em julho de 2019, a região metropolitana do Rio – que engloba a capital e 16 munícipios do entorno – teve o maior número de mortes por agentes estaduais, com 178 ocorrências, o que corresponde a 49,5% dos casos de letalidade violenta registrados na área.  

A maioria dessas mortes ocorreu na região metropolitana e em bairros suburbanos. O mais violento, com 20 mortes no mês de julho, foi o município de São Gonçalo.

O secretário estadual da Polícia Civil no Rio de Janeiro, delegado Marcus Vinícius Braga, declarou em entrevista ao jornal Bom Dia Rio, da rede Globo, que o número de pessoas mortas por polícias deve aumentar até ao final do ano.

"A tendência é de subida até dezembro, porque as ações estão sendo feitas. Conforme formos trabalhando as investigações, a inteligência, a integração com a Polícia Militar, a tendência é diminuir. É um número alto, não é o número que desejamos", afirmou o secretário.

Desde que assumiu o cargo em janeiro, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel , adotou uma forte retórica de combate ao crime, alinhado com as políticas de segurança do presidente Jair Bolsonaro. Após a morte de um sequestrador de um ônibus com 37 passageiros nesta terça-feira por atiradores de elite da polícia, Witzel foi criticado por exagerar na comemoração do ocorrido.

Desde o início de seu governo, o número de pessoas mortas pela polícia no Rio aumentou significativamente. Nos primeiros cinco meses, 731 pessoas morreram em operações policiais, o que corresponde a um aumento de 19,1% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo estatísticas oficiais.

Na semana passada, a jovem de 17 anos Margareth Teixeira foi morta durante um confronto entre policiais e traficantes em Bangu, baleada com 10 tiros enquanto carregava o filho de um ano e nove meses, que também foi atingido.
Também foram mortos pela polícia nas últimas semanas os jovens Dyogo Costa, de 16 anos, Gabriel Pereira Alves, de 18 anos, e Henrico de Menezes Júnior, de 19 anos, todos durante intervenções policiais. As mortes dos quatro jovens gerou uma onda de protestos nas comunidades da região metropolitana fluminense.

Por outro lado, os índices de homicídios dolosos – com intenção de matar – para o mês de julho foram os mais baixos desde 2005. No total, segundo o ISP, foram 309 mortes, percentual 25% menor do que o registrado no mesmo mês do ano anterior.

De janeiro a julho foram registradas 2.392 mortes, o menor valor para esse período desde 1991. Em relação ao ano passado, a queda foi de 23%, o que corresponde a 709 mortes a menos em comparação com o mesmo período de 2018. Segundo ISP, morreram 12 policiais em serviço entre janeiro e julho – contra 22 no mesmo período do ano passado. Quatro desses policiais morreram em julho. 

No mês passado, os roubos de veículos diminuíram 9%, e os assaltos nas ruas tiveram redução de 8%, em comparação com julho de 2018.

RC/lusa/ots/efe

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