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Mais dois presos por conexão com morte de conservador alemão

28 de junho de 2019

Suspeitos teriam intermediado e vendido arma usada no assassinato de Walter Lübcke. Alemão ligado à cena neonazista confessou o crime. Motivação teria sido a posição pró-refugiados da vítima.

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Deutschland Trauerfeier für getöteten Regierungspräsidenten Lübcke
Enterro de Lübcke recebeu 1.300 pessoas e uma guarda de honra composta por policiais e militares das Forças ArmadasFoto: picture-alliance/dpa/S. Pförtner

Autoridades alemãs anunciaram nesta quinta-feira (26/06) terem prendido mais dois homens no âmbito da investigação do assassinato do político conservador Walter Lübcke.

Os dois são suspeitos de terem fornecido a arma ao extremista de direita Stephan Ernst, de 45 anos, que confessou o crime.

Ele contou à polícia ter resolvido matar Lübcke, que era chefe do conselho administrativo do distrito de Kassel, devido ao político ser conhecido por suas posições simpáticas a imigrantes e refugiados.

Na confissão, Ernst também apontou os nomes de duas pessoas que lhe venderam a arma do crime. Agora as autoridades federais estão investigando os dois homens, identificados como Elmar J., de 64 anos, e Markus H., de 43 anos.

O homem mais velho foi acusado de ter vendido em 2016 a arma usada contra Lübcke, enquanto o outro suspeito teria intermediado a transação. Não está claro se os últimos suspeitos têm ligações com a cena neonazista, mas os investigadores encontraram objetos de memorabilia nazista na casa de um deles.

O Ministério Público Federal também informou inicialmente não haver indicações de que Elmar J. ou Markus H. fizessem parte de um complô com Ernst para matar Lübcke, ou que os três tenham formado um grupo terrorista de direita. No entanto os investigadores acreditam que os dois suspeitos conheciam os laços de Ernst com a cena extremista de direita.

Stephan Ernst, que já era conhecido pelas autoridades como extremista de direita, fez sua confissão aos investigadores na quarta-feira (26/06). De acordo com as emissoras WDR e NDR e o jornal Süddeutsche Zeitung, no depoimento ele indicou a localização de seu esconderijo de armas e contou como as conseguiu.

Além de uma pistola calibre 9mm – que investigadores apontam ser a arma do crime –, Ernst confessou possuir uma escopeta e uma metralhadora estilo Uzi. No total, os investigadores encontraram cinco armas em propriedades que pertencem ao empregador do suspeito. Ernest afirmou, ainda, ter agido sozinho, mas investigadores estão tentando descobrir se houve a participação de alguma rede terrorista no crime.

Também nesta quinta-feira, milhares saíram às ruas de Kassel para protestar contra o assassinato de Lübcke. A manifestação reuniu cerca de 10 mil pessoas, que marcharam contra o extremismo de direita e o discurso de ódio.

Kundgebung "Zusammen sind wir stark"
Pelo menos 10 mil tomaram as ruas de Kassel para protestar contra a intolerânciaFoto: picture-alliance/dpa/U. Zucchi

Lübcke, de 65 anos e filiado à União Democrata Cristã (CDU), o partido da chanceler federal Angela Merkel, foi encontrado morto por seus parentes em 2 de junho, no terraço de sua residência, com um tiro na cabeça. A polícia rapidamente descartou a hipótese de suicídio ou disparo acidental. A autópsia revelou que o disparo ocorreu a curta distância. O suspeito Stephan Ernst foi preso cerca de duas semanas depois, com base em provas de DNA recolhidas no local do crime.

Segundo a revista Der Spiegel, ele teria dito à polícia que o assassinato foi desencadeado por observações feitas por Lübcke durante uma audiência municipal em outubro de 2015, tendo como tema a criação de um novo centro de acolhimento para refugiados na região de Kassel.

À época, durante uma audiência pública, Lübcke bateu boca com militantes de extrema direita que criticavam a instalação de abrigos provisórios no distrito. Na ocasião, o político da CDU afirmou: "Vale a pena viver no nosso país. Aqui você deve defender os valores, e aqueles que não se posicionarem a favor desses valores podem deixar este país a qualquer momento, se não concordarem com eles."

Depois disso, um vídeo do bate-boca se espalhou em sites de extrema direita da Alemanha, tendo sido até mesmo mencionado em discursos de membros do grupo anti-imigração Pegida em 2015 e 2016. Em seguida, Lübcke recebeu uma série de ameaças de morte.

Desde a prisão do suspeito, há mais de uma semana, vários veículos da imprensa alemã revelaram mais conexões do suspeito com a cena neonazista. Ele já fora condenado por agressões violentas a migrantes e simpatizantes de esquerda. Entre os atos, o esfaqueamento de um imigrante em 1992, e a tentativa de incendiar um abrigo de refugiados em Hessen em 1993. Ernst também foi detido por envolvimento num ataque neonazista a uma manifestação sindical em 2009.

JPS/dpa/ots

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