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Política migratória canadense serve de exemplo a Alemanha

29 de novembro de 2012

O Canadá é há muito um destino procurado por migrantes em busca de trabalho. Diante da falta de mão de obra especializada, a Alemanha também quer abrir suas portas, embora ofereça menos vantagens aos imigrantes.

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Foto: WavebreakmediaMicro/Fotolia

Com sua longa tradição de receber imigrantes, o Canadá tem larga experiência no assunto. O país conseguiu aumentar sua população em praticamente um porcento ao ano graças à imigração. Boa parte desses imigrantes chegam para trabalhar. O Estado canadense, por sua vez, tem uma política de imigração voltada para suprir as necessidades econômicas do país.

A Alemanha pode aprender bastante com tal tipo de experiência, como mostra uma pesquisa realizada pelo Instituto de População e Desenvolvimento, sediado em Berlim. O governo alemão teria que aumentar seus esforços para se apresentar no exterior como um país atraente para os imigrantes, diz Reiner Klingholz, diretor do Instituto. Segundo ele, em 10 ou 15 anos haverá em todo o território alemão falta de mão de obra em todos os setores. Para suprir esta necessidade com imigrantes, o governo não poderá confiar apenas na chegada de trabalhadores de outros países da União Europeia (UE).

Ao mesmo tempo, os políticos deveriam assumir claramente posturas pró-imigração perante a população, salientando os benefícios para o país. "Isso significa: precisamos agir de maneira muito mais transparente e mais ativa. Precisamos propagar isso no exterior", completa Klingholz.

Seguir o exemplo do Canadá?

Desde 1967 que o Canadá seleciona imigrantes através de um sistema de pontos. Os principais critérios de escolha são a fluência no idioma e a formação educacional. Os candidatos à imigração podem atingir com isso dois terços dos pontos a serem alcançados. Os outros pilares na hora da escolha pelo governo canadense são a experiência profissional, a idade e uma oferta concreta de trabalho no país. Fatores como a formação educacional do marido ou mulher, bem como já ter estado no Canadá, também são levados em consideração.

Mesmo assim, o sistema não é voltado somente para a aceitação de profissionais altamente qualificados. "Há naturalmente no Canadá uma demanda por forças de trabalho menos qualificadas, como por exemplo no setor de auxílio a idosos e enfermos ou nas indústrias petroleira e florestal. Para essas pessoas há programas especiais, organizados pelas regiões ou províncias onde há demanda", explica Klingholz. Nesses casos, as regiões oferecem aos imigrantes uma permanência no país por tempo determinado. As portas para permanecer depois só se abrem, contudo, para alguns.

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Canadá: demanda de trabalhadores para diversos setoresFoto: REUTERS/TransCanada Corporation

Conseguir um visto de permanência sem prazo limitado ou mesmo um passaporte do país é muito mais difícil para o imigrante na Alemanha do que no Canadá, critica Klingholz. Esta, segundo ele, é uma das razões da baixa procura pelo Blue Card no país. "Este é um fator que diminui sensivelmente o potencial de atrair migrantes", diz ele. Além do fato de que tal oferta por parte do governo alemão continua sendo pouco conhecida no exterior.

Integração antes de chegar ao país

Muitos dos candidatos a migrar para o Canadá não têm, a priori, nenhuma oferta concreta de trabalho. Isso não traz desvantagens, acredita Stephan Sievert, um dos dois autores da pesquisa realizada pelo Instituto berlinense. Segundo ele, há no Canadá uma política de integração muito ativa, que não começa somente quando o imigrante chega ao país, mas muito antes.

"Os programas voltados para facilitar a vida de quem chega já começam em seus países de origem, com cursos informativos e de orientação, para que as pessoas adquiram perspectivas realistas", relata Sievert. Além disso, há ofertas de estágios que preparam os imigrantes para o dia a dia no trabalho, suprindo com rapidez eventuais lacunas de conhecimento.

Sistema escolar permeável

Esta prática canadense de atrair imigrantes faz com que os mesmos tenham, em média, formações acadêmicas mais sólidas que a própria população do país. Na Alemanha, embora o número de imigrantes com curso superior completo tenha aumentado nos últimos anos, o percentual daqueles sem formação profissional continua sendo muito mais alto.

No Canadá, a segunda geração, ou seja, os filhos dos imigrantes, seguem geralmente carreiras bem-sucedidas, concluindo cursos superiores com mais frequência que os filhos de canadenses nativos. O sistema de ensino no Canadá é todavia muito mais permeável que o alemão. Como salienta Stephan Sievert, "é para os filhos dos imigrantes uma grande vantagem ter um sistema escolar que congrega todas as crianças juntas até o 9° ano. Isso significa que os filhos de imigrantes têm comparativamente muito mais tempo para compensar eventuais deficiências linguísticas", conclui Sievert.

Autora: Sabine Ripperger (sv)
Revisão: Francis França