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Por que os alemães estão mais infelizes?

21 de março de 2024

Apesar da estabilidade do padrão de vida, Alemanha caiu para 24º lugar no ranking global de felicidade, sendo o 47º na avaliação entre os jovens. Fatores como pandemia e tensões geopolíticas contribuíram para queda.

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Einsamkeit
Na Alemanha, pessoas mais jovens tendem a ser mais infelizes do que as mais velhas, fenômeno que também ocorre em outros países europeusFoto: Christin Klose/dpa-tmn/picture alliance

Enquanto a Finlândia lidera pelo sétimo ano seguido o ranking dos países mais felizes do mundo, seguida da Dinamarca, Islândia e Suécia, a Alemanha se mantém dezenas de posições abaixo dos países escandinavos e de vários de seus vizinhos europeus. 

Não é o caso, porém, de os alemães estarem mais tristes do que nos antos anteriores. Eles, na verdade, vêm sendo ultrapassados pelas populações de outras nações, o que os deixa na 24ª posição do ranking, segundo o Relatório Mundial da Felicidade, patrocinado pela ONU.

O resultado é ainda pior entre as pessoas com menos de 30 anos, avaliação na qual a Alemanha se encontra na 47ª posição.

Tendência semelhante é observada nos Estados Unidos, que ocupa a 23ª posição no ranking geral, sendo esta a primeira que o país caiu das 20 primeiras colocações, devido ao alto índice de infelicidade entre os jovens.

A Costa Rica e o Kwait entraram no top 10, que não inclui nenhum dos maiores países do mundo. Somente a Holanda e a Austrália têm populações superiores a 15 milhões de habitantes. No conjunto dos 20 principais, apenas Canadá e Reino Unido têm populações superiores a 30 milhões.

O relatório foi realizado a pedido da ONU pelo Gallup, um dos maiores institutos de pesquisas dos EUA, que entrevistou pessoas em 143 países e territórios que avaliaram suas vidas em uma escala de zero a dez. O estudo também leva em conta índices como o Produto Interno Bruto (PIB), políticas sociais, expectativa de vida, liberdade, generosidade e corrupção em cada país. 

Infelicidade dos alemães

O relatório de 2024 se baseia em dados de 2021 a 2023, que cobrem parte da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia.

"Talvez os alemães reajam de maneira muito mais sensível ao desencadear da guerra do que outras populações, devido à sua história", afirmou Hilke Brockmann, cientista social da Universidade de Bremen, no norte da Alemanha. "É possível que isso também resulte nessa angústia alemã."

Pesquisadores na Alemanha que rastreiam os humores da população já notaram uma discrepância entre a situação socioeconômica e o senso de bem-estar pessoal. Brockmann atribui o baixo astral no país também à macropolítica.

"Devemos levar em conta que o Estado alemão não é particularmente generoso. As políticas de austeridade aplicadas na Alemanha não conduziram, particularmente, à felicidade", afirmou à DW. "O mau funcionamento das estruturas públicas também não necessariamente contribui para a satisfação."

A pesquisadora avalia que, nos países nórdicos e escandinavos, a rede de seguridade social é bem mais ampla e fortalecida, o que "cria uma espécie de solidariedade básica que pode, de algum modo, estar faltando nos Estados de bem-estar social conservadores como a Alemanha".

Idosos ou jovens: quem é mais feliz?

O relatório deste ano também levou em consideração as faixas etárias. Na Alemanha, Noruega, Suécia, França, Reino Unido e Espanha, os idosos são significativamente mais felizes do que os jovens. Portugal e Grécia, por sua vez, mostram a tendência contrária.

Os resultados, de certa forma, desvalidam a crença de que os jovens são mais felizes, e que sua felicidade se esvai enquanto envelhecem, ao se darem conta de que suas expectativas não foram atingidas.

A socióloga Brockmann destaca que relacionamentos fortes ajudam a aumentar o nível de felicidade, sendo que essas relações tendem a se estabelecer com frequência maior enquanto as pessoas envelhecem.

O Relatório Mundial da Felicidade é divulgado anualmente desde 2012, quando a ONU adotou o padrão de felicidade pública do Butão e criou o Dia Internacional da Felicidade, na data de 20 de março.

O Brasil aparece na 44ª posição do ranking, o que representa um aumento em cinco posições em relação a 2023. Entre os países da América do Sul, os brasileiros só perdem para o Uruguai (26º) e o Chile (38º) e estão à frente de Argentina (48º) e Venezuela (79º), por exemplo.