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Deutsche Bahn

30 de março de 2009

Hartmut Mehdorn, presidente da companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn, cedeu à pressão da opinião pública e às críticas da classe política, colocando seu cargo à disposição do Conselho de Administração da empresa.

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Substituto de Mehdorn (foto) poderia ser o atual presidente da Airbus, Thomas EndersFoto: AP

A saída de Hartmut Mehdorn da presidência da companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn é para muitos a história de uma demissão anunciada. Até o último momento, ele se recusou a deixar o cargo, aguentando a pressão da opinião pública e as críticas da classe política. Após a apresentação do balanço anual da empresa nesta segunda-feira (30/03), ele finalmente colocou seu cargo à disposição do Conselho de Administração da empresa.

Mehdorn deixa a Deutsche Bahn assegurando não se sentir culpado pelo escândalo da espionagem de seus próprios empregados, que a cada dia adquire proporções maiores. Após fazer nome como executivo de empresas como a Airbus e a energética RWE, Mehdorn assumiu a liderança da Deutsche Bahn em 16 de dezembro de 1999.

Nos quase dez anos que esteve à frente da companhia, seu principal objetivo foi preparar a abertura de capital da empresa pública, a fim de tornar a Deutsche Bahn rentável e capaz de se vender bem. Para isso, enfrentou a ira dos passageiros cansados de ver os preços subindo enquanto os serviços pioravam, greves de maquinistas e problemas envolvendo a manutenção dos trens de alta velocidade ICE.

Mehdorn superou todos os obstáculos. Menos o mais recente: em fevereiro de 2009, cerca de 170 mil funcionários da Deutsche Bahn, dos baixos cargos aos mais altos, foram vítimas de um esquema de espionagem promovido pela empresa. A princípio, falou-se em alguns poucos controles aleatórios em busca de possíveis casos de corrupção, mais tarde se soube que praticamente a metade dos empregados havia sido espionada.

Depois a empresa ainda reconheceu que chegou a comparar dados bancários dos funcionários (muitas vezes também de seus familiares) com os de firmas que possuem contratos com a Deutsche Bahn. Agora já se fala em supervisão de correspondência eletrônica, constituindo o que a imprensa alemã batizou de "tática da fatia", que consiste em admitir publicamente os fatos somente quando novos dados tornam a situação insustentável.

Mehdorn se vai para que a empresa possa se concentrar na busca de soluções para enfrentar a crise econômica, sem consumir toda a sua energia com sua própria pessoa. Um porta-voz informou que o governo alemão "tomou respeitosamente conhecimento da demissão" e que a busca por um substituto começará amanhã mesmo. Segundo o jornal Rheinische Post, o favorito para o cargo seria o atual presidente da Airbus, Thomas Enders.

Autor: Luna Bolívar / Rodrigo Abdelmalack

Revisão: Carlos Albuquerque