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Presos dois suspeitos pelo assassinato de Marielle

12 de março de 2019

Polícia prende ex-PM que teria disparado os tiros que mataram a vereadora e o que teria dirigido o carro usado no crime. Detenções acontecem dois dias antes de o caso completar um ano.

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A polícia na casa de um dos suspeitos: mesmo condomínio do presidente Bolsonaro
A polícia na casa de um dos suspeitos: mesmo condomínio do presidente BolsonaroFoto: Reuters/S. Moraes

A polícia do Rio de Janeiro deteve, na madrugada desta terça-feira (12/03), dois suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. As detenções acontecem às vésperas de o assassinato completar um ano.

Os detidos são o policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos. O primeiro teria disparado os tiros, do banco de trás do carro usado no crime; o segundo seria o motorista.

De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o crime foi meticulosamente planejado durante três meses.

"É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia", diz a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio. "A barbárie praticada na noite de 14 de março de 2018 foi um golpe ao Estado Democrático de Direito."

A investigação indica que Ronnie Lessa fez com regularidade pesquisas na internet sobre os locais que a vereadora frequentava. Os investigadores sabem ainda que, desde outubro de 2017, o policial pesquisava também a vida do então deputado estadual Marcelo Freixo (Psol). Foram encontradas ainda buscas on-line sobre o então interventor na segurança pública do Rio, o general Braga Neto.

Segundo o jornal O Globo, Ronie Lessa foi preso em sua casa, no condomínio Vivendas da Barra, o mesmo onde o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O diário carioca diz que, segundo os investigadores, não foi constatada nenhuma ligação, a não ser o fato de serem vizinhos.

A operação que levou às duas prisões é a primeira com a participação do Ministério Público do Rio. Ela aconteceu por meio do Gaeco, grupo de combate ao crime organizado que investiga crimes principalmente relacionado às milícias no Rio. 

Os investigadores ainda não revelaram quem foi o mandante da execução. Após quase um ano de investigação, a polícia e o Ministério Público do Rio decidiram dividir o inquérito em duas partes: uma sobre os executores do crime, outra sobre os mandantes.

"Essa é uma resposta importante que estamos dando à sociedade", disse o governador do Rio, Wilson Witzel. "A elucidação de um crime bárbaro, cometido contra uma parlamentar, uma mulher, no desempenho de sua atividade democrática, teve sua vida ceifada de forma criminosa e inaceitável. Inaceitável a qualquer ser humano, mas muito mais ainda porque Marielle Franco estava no exercício da atividade parlamentar."

Marielle, de 38 anos, e Anderson, de 39, foram assassinados em 14 de março no bairro do Estácio, região central do Rio, quando saíam de um evento no qual a vereadora palestrava. O carro foi alvejado por vários disparos, dos quais quatro atingiram a cabeça dela.

As investigações sobre o crime – que levou multidões às ruas no mundo todo para manifestar solidariedade e cobrar explicações – correram durante todo o tempo sob sigilo, embora uma série de informações tenha sido revelada pela imprensa brasileira.

Além de defender os direitos das mulheres e a inclusão social, Marielle criticava também a violência policial e a ação de milícias. Seu assassinato causou comoção internacional, e organizações de defesa dos direitos humanos pressionavam para que respostas fossem apresentadas. 

RPR/ots

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