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Um ano depois

19 de janeiro de 2010

Ainda assim, especialistas alemães avaliam positivamente o comando de Obama, que conseguiu romper com o estilo Bush de governo.

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Obama, um ano depoisFoto: AP

Antes mesmo de vencer a eleição à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama já era associado a nomes como John F. Kennedy, Martin Luther King e Abraham Lincoln. A expectativa internacional era que Obama revogasse, da forma mais rápida e mais ampla possível, a política externa agressiva de George W. Bush.

Já os americanos, em meio à crise econômica, esperavam que o novo chefe de governo finalmente voltasse a se ocupar da política interna. Mesmo para um político hábil como Obama, é difícil suprir duas expectativas em parte opostas.

De fato, o brilho do candidato Obama diminuiu um pouco ao longo desse primeiro ano de governo, segundo Reinard Rode, especialista em Estados Unidos da Universidade Halle.

"Devido à frustração em relação ao seu antecessor, a Europa, e também parte do eleitorado, tiveram expectativas tão altas [em relação a Obama], que ele foi praticamente definido como um político sagrado. E em algum momento naturalmente se cai na desilusão e na realidade, e isso aconteceu agora."

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Família Obama na noite da eleiçãoFoto: AP

Prestígio em queda

Nos Estados Unidos, o índice de aprovação do governo Obama caiu de 70%, no início do mandato, para 50%. E também na Europa já se dissipou ao longo desse primeiro ano a expectativa de que o presidente norte-americano resolvesse quase que sozinho os problemas internacionais.

"Muito do que se esperou não foi resolvido, isso é indiscutível", opina Michael Zürn, especialista em América do Centro de Ciência de Berlim. "Não temos nas mãos nada sobre a regulamentação do mercado financeiro, nada sobre política do clima, e também sobre as várias questões do Oriente Médio não tivemos grandes avanços", avalia.

Ainda que Obama não tenha obtido grandes êxitos na política externa, ele não só rompeu com o 'estilo Bush' nessa e em várias outras áreas. Ele pôs fim à era do unilateralismo não só de forma retórica, mas também na prática: por exemplo, conclamou o Irã ao diálogo, afrouxou o embargo econômico contra Cuba, começou a retirada do Iraque e pôs fim ao projeto do sistema de defesa contra mísseis previsto para o leste da Europa.

O fato de as reações a essas medidas nem sempre terem sido as esperadas indica que, mesmo num mundo globalizado, o presidente dos Estados Unidos não pode mais resolver conflitos sozinho. O mesmo vale para o difícil problema no Afeganistão, onde Obama optou pelo claro aumento do contingente de soldados.

Multilateralismo de volta

A medida de política externa mais importante de Obama não se deixa situar de forma geográfica ou em acordos, mas na abertura da América para o mundo. Segundo Michael Zürn, a política internacional da era Obama ganhou um novo tom e o governo norte-americano não se baseia mais tanto no slogan "conosco, ou contra nós".

"O multilateralismo voltou a ser um conceito sobre o qual se pode falar. Também normas internacionais voltaram a ser reconhecidas como tanto. Neste sentido, aconteceu alguma coisa", comenta Zürn.

Enquanto se continua esperando um claro êxito no campo da política externa, dentro de seu país Obama conseguiu êxito em um tema que não havia sido resolvido pelo último presidente democrata, Bill Clinton: a reforma do sistema de saúde.

Evidentemente, o projeto de introduzir um seguro saúde para todos os norte-americanos está longe de estar concluído. Mas, apesar das duras negociações, a reforma do sistema de saúde já venceu obstáculos importantes e tem boas chances de ser aprovada até novembro, ainda antes da votação no Congresso.

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Barack Obama na conferência de entrega do Prêmio Nobel da PazFoto: AP

Comparações alternativas

Diante da difícil situação inicial e da pressão pela alta expectativa, Barack Obama se saiu bem no seu primeiro ano de governo, segundo Reinhard Rode, que daria nota oito para a atuação do presidente norte-americano. "Não daria a nota máxima, certamente. Mas esse também não foi um ano de merecedores de nota máxima", pontua Rode.

Na avaliação de Michael Zürn, o primeiro ano de Obama foi positivo, apesar das muitas expectativas que não puderam ser atendidas. Para os alemães, que segundo pesquisas de opinião estão entre os maiores admiradores de Obama, o especialista tem uma dica: os que acham que a nova orientação da política de Obama e de seu vice-presidente, Joe Biden, não é rápida e radical o suficiente, devem se lembrar de George W. Bush e Dick Cheney.

Ou ainda imaginar o que seria a política externa de John MacCain e Sarah Palin [adversários republicanos na eleição à presidência], ironiza Zürn.

Autor: Michael Knigge (np)

Revisão: Roselaine Wandscheer