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Mundial feminino verde

24 de junho de 2011

Além de belos gols, presença em massa de torcedores e jogo limpo, a proteção climática também será uma marca da Copa do Mundo feminina, que acontece na Alemanha. Objetivo é diminuir emissões de gás carbônico.

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Estádio de Augsburg: o primeiro neutro em emissões
Estádio de Augsburg: o primeiro neutro em emissõesFoto: dapd
O nome da campanha ambiental adota durante o Mundial de futebol feminino foi acertado: Green Goal. Numa tradução livre, o slogan pode ser entendido como gol verde ou, ainda, objetivo verde. A empreitada aborda não apenas o sucesso no mundo do esporte, mas também os desafios ecológicos.
"Queremos reduzir o máximo possível os impactos ambientais do evento. Mas para nós também é muito importante motivar os torcedores a agirem de maneira engajada a favor do meio ambiente", resume Martin Schmied, do Instituto Ecológico de Berlim, que desenvolveu a campanha em cooperação com a Federação Alemã de Futebol (DFB).
De acordo com os cálculos do instituto, 40 mil toneladas de dióxido de carbono serão produzidas adicionalmente durante o campeonato. "É a mesma quantidade produzida num ano por uma cidade alemã de médio porte, como Flensburg, com o consumo de energia e calefação", comenta Schmied.
O transporte é a principal fonte dos gases de efeito estufa. "Cerca de 80% vêm do deslocamento de torcedores. Aproximadamente 8% são provenientes do uso dos estádios, o resto vem das estadas em hotéis, lixo, serviço de bufê, etc.", completa o porta-voz do instituto berlinense.
Uso de ônibus e trem
Para diminuir a emissão de CO2 por meio do transporte, os espectadores deverão fazer uso do sistema público o máximo possível. Uma combinação de tickets foi criada como estímulo. "Cada um que tiver uma entrada poderá viajar de graça no sistema de transporte local", comenta Schmied. Em casos de estádios como o de Dresden, localizado no centro da cidade, trata-se de uma opção fácil e confortável.
Quem, ainda assim, preferir usar o carro deve ao menos transportar outros três ou quatro passageiros, recomenda Schmied. A Deutsche Bahn, companhia ferroviária alemã e um dos patrocinadores do evento, também prometeu oferecer promoções durante o Mundial.
O sistema de gerenciamento ambiental, chamado de Ökoprofit, será empregado em todos os nove estádios que abrigarão partidas do campeonato, numa cooperação com a equipe organizadora. A eficiência ecológica dos estádios aumentará por meio de tecnologias inovadoras, que vão contribuir para a diminuição dos custos a longo prazo.
Sonja Fuss, jogadora da seleção alemã que também é arquiteta, participa do projeto Ökoprofit. "Sustentabilidade é o tema do futuro, e a campanha Green Goal é um elemento importante do Mundial feminino. A variedade das atividades e o engajamento dos responsáveis locais são impressionantes", completa Fuss.
O caso de Augsburg
Um caso exemplar é o estádio de Augsburg, o primeiro do mundo a ser neutro em emissões. "No local, usa-se energia geotérmica para aquecimento e resfriamento. O aquecimento extra no inverno é feito com o gás natural. Usamos uma energia verde, realmente livre de CO2", orgulha-se Schmied.
A ideia do Green Goal não é nova. O conceito já havia sido usado na Copa do Mundo de 2006, realizada na Alemanha. Aquele foi o primeiro programa de meio ambiente a ser adotado num Mundial de Futebol. "Ficamos muito felizes na época em realizar o principal objetivo, que era a redução dos gases de efeito estufa", acrescenta Schmied. O plano agora é fazer com que os efeitos perdurem no futebol. "Esportistas, torcedores, organizadores: todos devem se ocupar com o tema", que, para Schmied, encontra no Mundial feminino um ambiente apropriado.
"Há muito mais famílias presentes, o que significa que as pessoas estão mais abertas para o tema." Há ainda a possibilidade de abordagem de novos assuntos. "Comida orgânica, por exemplo. Nós planejamos oferecer pelo menos uma variedade dessa alimentação em todos os estádios como uma forma de teste, para checar a receptividade", explica o representante do instituto berlinense. Naturalmente, os produtos regionais serão também valorizados.
Bike e reciclagem
Os responsáveis em localidades que irão abrigar os jogos também pensaram em ações para diminuir as emissões de CO2 durante o campeonato. Nesse contexto, o estádio de Augsburg, por exemplo, oferece um estacionamento de bicicleta no centro da cidade enquanto houver jogos da Copa.
"Além disso, nós abrimos mão de contêineres e embalagens descartáveis. Nós encomendamos apenas de empresas que usam produtos neutros em emissões e imprimem em papel reciclado. Nós mesmos, que trabalhamos na cidade, nos atentamos para usar o sistema público de transporte", comenta Richard Goerlich, um dos coordenadores do programa na cidade.
Apesar de todas as medidas exemplares, sabe-se que nem todas as emissões danosas ao clima poderão serão evitadas. "Nós implantaremos muitas medidas ambientais e, ainda assim, restam ainda emissões de gases do efeito estufa", admite Martin Schmied. "Não se consegue, por meio de algumas medidas – apesar de serem muitas – chegar-se à emissão zero."
As emissões inevitáveis deverão ser compensadas através de projetos de proteção climática em países emergentes. A expectativa é que se invista em projetos que reduzam as emissões de CO2. "Então, no final, ainda ficamos no zero a zero."
Pioneirismo alemão
A campanha ambiental Green Goal 2011 custou entre 700 mil a 800 mil euros. A maior parte está sendo custeada pela Federação Alemã de Futebol, e também pela Fifa. Um investimento que se paga, acredita Schmied. "A Alemanha é claramente uma pioneira. Nós demos um impulso importante nessa área."
Isso se deve não apenas ao fato de a Alemanha já ter abordado o tema na Copa de 2006, mas também pela sensibilização da União das Federações Europeias de Futebol (Uefa), e da própria Fifa em torno da proteção climática. "Esse também foi um tema na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, e deve exercer um papel importante nos preparativos da Copa de 2014 no Brasil", aponta Schmied.
Autora: Sarah Faupel (np)
Revisão: Carlos Albuquerque