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Agronegócios

Richard Fuchs (rw)4 de junho de 2008

Prosseguem os protestos dos produtores alemães, que querem ganhar mais pelo litro de leite. Solidariedade dos agricultores de países vizinhos. Conheça os fatores que levaram à crise.

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Leite é despejado no campoFoto: picture-alliance/ dpa

Após o fracasso das negociações com a indústria de laticínios, os protestos iniciados na semana passada pelos produtores alemães de leite estenderam-se às redes de supermercados. Nesta quarta-feira (4/06), foram realizadas manifestações diante das centrais dos supermercados Aldi, Rewe e Norma.

O leite produzido continua sendo dado a bezerros ou jogado no campo. A imprensa adverte que poderá faltar leite nos supermercados nos próximos dias. Os agricultores alemães receberam a solidariedade dos produtores da França, Áustria e República Tcheca, que ganham ainda menos do que os alemães.

O poder da indústria e dos supermercados

Diskussion mit Polizei. Milchbauern blockieren Müllermilch
Polícia interveio no bloqueio dos agricultores à indústria de laticíniosFoto: picture-alliance / dpa

Para o produtor Friedrich-Wilhelm Tecklenburg, por exempo, é injustificável que "um litro de água mineral tenha mais valor do que um litro de leite". Os produtores exigem pelo menos 43 cents de euro por litro. Este seria o preço justo para garantir a sobrevivência da categoria, em vista do recente aumento dos preços da energia e da ração.

Cálculos do Instituto Max Rubner de Qualidade do Leite, em Kiel, apontaram que o consumidor paga em média 60 cents de euro pelo litro de leite na Alemanha. Destes, entre 27 e 34 cents são pagos ao produtor e o restante vai para a indústria de laticínios e os supermercados.

Na disputa pelo preço do produto, as poucas cadeias de supermercados que controlam o mercado alemão e as fábricas de laticínios fazem acusações recíprocas. Roland Wöller, secretário da Agricultura da Saxônia, vê uma maneira de acabar com este conflito: "Há muitos produtores e fábricas de laticínios para poucas redes de supermercados. Este problema pode ser resolvido se os agricultores e a indústria se unirem para defender os próprios interesses".

Sobe-e-desce de preços

Um ano atrás, a crise na Ásia havia impulsionado os preços do produto na Europa. A demanda havia aumentado devido à seca nos tradicionais produtores Nova Zelândia e Austrália, mas a Europa não pôde produzir mais devido ao sistema de cotas, imposto pela União Européia desde 1984.

Milchbauerstreik in Deutschland Plakat
Agricultores consideram 40 cents preço justo para o litro de leiteFoto: DW / Barbara Coellen

Resultado: o preço explodiu, para alegria do produtor. As associações de defesa do consumidor, no entanto, acusaram o aumento de "exploração" e foram às barricadas. A queixa chegou aos ouvidos dos ministros da Agricultura dos países da UE, que em abril último afrouxaram o sistema de cotas.

Em pouco tempo, as cadeias de supermercados baixaram significativamente os preços de leite, queijo e manteiga e impuseram preços mais baixos aos produtores, causando protestos não só na Alemanha, mas também na França, Bélgica e Áustria.

Pavel Vavra, perito em laticínios da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), vê um contra-senso nos protestos: "Estou surpreso, pois justamente agora, num momento em que os preços atingiram recordes históricos e todos falam da necessidade de baixá-los, acontece uma rebelião dos que acham que o preço do leite está muito baixo", disse Vavra.