1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Protestos contra Temer em várias cidades do Brasil

11 de junho de 2016

Em SP, organização estima que 100 mil pessoas estiveram na avenida Paulista a favor da presidente afastada Dilma Rousseff. Lula sobe em carro de som e critica governo interino. Atos ocorreram em mais de 30 cidades.

https://p.dw.com/p/1J4ht
Brasilien Proteste gegen Michel Temer in Sao Paolo
Foto: picture-alliance/Zuma Press/C. Faga

Brasileiros foram às ruas em mais de 30 cidades do país nesta sexta-feira (10/06) para protestar contra o governo do presidente interino Michel Temer e pedir a volta da presidente afastada Dilma Rousseff. Os atos foram convocados pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo sem Medo, compostas por movimentos estudantis e de esquerda e por centrais sindicais.

No Rio de Janeiro, os manifestantes ocuparam as duas pistas da avenida Rio Branco, no centro da cidade. O protesto teve fim na Cinelândia, onde estavam previstas apresentações culturais. De acordo com a organização, havia 20 mil pessoas. A polícia do Rio não divulga estimativas em atos.

Já em São Paulo milhares de pessoas estiveram reunidas na avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). O número de manifestantes ainda não foi informado pela Polícia Militar paulista, mas os organizadores estimam em até 100 mil.

No protesto, manifestantes seguravam bandeiras e faixas que pediam a saída de Temer. Líderes de movimentos sociais se revezavam para falar num caminhão de som que atravessava a avenida.

A presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era uma das mais aguardadas. Mesmo afirmando que não poderia gritar "Fora Temer" porque "não ficaria bem", o petista pediu o retorno de Dilma e acrescentou: "Temer, você é um advogado constitucionalista, você sabe que não agiu correto".

Lula ainda fez críticas ao ministério do atual presidente, em particular ao ministro das Relações Exteriores, José Serra, e alfinetou a Câmara dos Deputados. "Não é possível a desfaçatez com que cassaram a presidenta", disse ele. "Deram um golpe na Dilma. Só o povo que a elegeu tinha o direito de tirá-la, e não os deputados."

O ex-presidente citou ainda a possibilidade de se candidatar à eleição presidencial de 2018. "Com 70 anos, estou melhor do que quando tinha 50, com vitalidade de 30", afirmou. "Corro risco de ser candidato a presidente em 2018."

Líderes de movimentos se pronunciam

Momentos antes da manifestação na capital paulista, em pronunciamento à imprensa, o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, disse que "o mais importante para os movimentos sociais aqui presentes é impedir o impeachment e impedir o golpe".

"A manifestação tem como principal mote o 'Fora Temer'. Porque não entendemos que esse seja um governo legítimo", declarou Carina Vitral, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). "Não reconhecemos esse governo que ataca os movimentos sociais e os direitos sociais."

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, por sua vez, afirmou que o governo Temer representa um retrocesso para o Brasil. "É preciso entender a gravidade do momento que estamos vivendo. Está em curso no país um duplo golpe", disse ele.

"Há um golpe por existir um presidente que foi eleito de uma forma indireta, por um Parlamento descredibilizado na sociedade, mas também há um golpe contra os direitos sociais. O programa de governo não foi eleito por ninguém, e é um programa de retrocessos", opinou Boulos.

Brasilien Proteste gegen Michel Temer in Sao Paolo
Foto: picture-alliance/Zuma Press/C. Faga

Brasil afora

Os protestos desta sexta-feira atingiram mais de 20 estados brasileiros e suas capitais, como Goiânia, Manaus, Macapá, Teresina e Recife. Em Brasília, a estimativa da Polícia Militar (PM) foi de 1,5 mil manifestantes.

Em Salvador, um ato na praça Castro Alves encerrou a manifestação, que contou com um público de 25 mil pessoas, de acordo com a organização, ou 10 mil, para a PM.

Segundo os organizadores do ato em Natal, 30 mil pessoas estiveram presentes para protestar contra o governo interino. A Polícia Rodoviária Federal, por outro lado, fala em 6 mil manifestantes.

Já em Porto Alegre, onde o protesto se deu em ruas do centro da cidade, 10 mil pessoas participaram do ato, segundo a organização. A PM não divulgou dados.

Em Belo Horizonte, onde o protesto seguiu até a praça da Estação, a estimativa dos organizadores foi de 40 mil participantes, enquanto a PM calculou 7 mil. A ex-ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos Nilma Lino Gomes esteve presente.

Em Fortaleza, os participantes caminharam cerca de 2,5 quilômetros em passeata, carregando um boneco gigante com o rosto de Temer e faixas com as frases "Fora Temer" e "Volta Dilma". Foram 20 mil pessoas, segundo a organização. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Civil disse que não divulgará cálculos.

Weibe Tapeba, coordernador das Organizações dos Povos Indígenas do Ceará, acusou o atual governo de ferir direitos sociais. "Vários programas relacionados à saúde e à educação indígena estão ameaçados e há um movimento contrário à demarcação de terras indígenas, que é nossa prioridade."

Já em Curitiba foi distribuído um panfleto que associa Temer ao presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), denunciando um "golpe contra o trabalhador". A estimativa foi de 4 mil manifestantes segundo os organizadores, e de 1 mil, de acordo com a PM.

Além dos atos no Brasil, pelo menos 25 cidades do exterior, em países como Estados Unidos, Portugal, Holanda e Bélgica, foram ou serão palco de manifestações brasileiras no decorrer desta semana. Na Alemanha, protestos reuniram brasileiros em quatro cidades nesta sexta-feira.

EK/abr/ots