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Qual a "linha vermelha" para Trump na Síria?

11 de abril de 2017

EUA ameaçam realizar novos bombardeios, mas declarações confusas da alta cúpula do governo alimentam dúvidas sobre o que os levaria a atacar novamente. Enquanto aliados questionam, presidente silencia.

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O porta-voz Sean Spicer deu a impressão de que EUA podem ampliar o espectro de novos ataques na Síria
O porta-voz Sean Spicer deu a impressão de que EUA podem ampliar o espectro de novos ataques na Síria Foto: AP

Os Estados Unidos ameaçaram nesta segunda-feira (10/04) realizar novos bombardeios na Síria, mas ainda sem deixar claro qual seria a "linha vermelha" que, se cruzada pelo regime de Bashar al-Assad, os levaria a atacar novamente.

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A julgar pelas declarações de membros de alto escalão do governo, a "linha vermelha" poderia ir além da traçada por Barack Obama em 2012 – ou seja, o uso de armas químicas contra civis, como, segundo denuncia o Ocidente, aconteceu no ataque que matou 89 pessoas na semana passada.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, por exemplo, declarou na noite de segunda-feira, véspera de uma reunião com o chanceler russo em Moscou, que os EUA vão sair em defesa de civis inocentes onde acharem conveniente.

"Nós nos dedicamos a fazer com que todos aqueles que cometam crimes contra inocentes paguem por isso, em qualquer lugar do mundo", afirmou Tillerson, durante reunião do G7 na Itália.

Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que Trump deixou bem claro que há "um número de limites que foram ultrapassados na semana passada

"Se alguém jogar gás em bebês, atacar pessoas inocentes com bombas de barris, acho que veremos uma resposta do presidente. Isso é inaceitável", disse.

Mais tarde, a Casa Branca explicou que Spicer se referia às bombas de barris que contêm agentes químicos como gás de cloro. Ainda assim, isso representaria uma ampliação significativa das regras para o envolvimento americano na Síria. O regime sírio é suspeito de ter utilizado esse agente em dezenas de ataques realizados em 2013.

"Nada mudou na nossa postura", disse Spicer em comunicado, tentando dissipar os questionamentos. "O presidente se reserva a opção de agir na Síria contra o regime de Assad sempre que for do interesse nacional, como após o uso de armas químicas por parte daquele governo contra seus cidadãos."

Inicialmente, o governo Trump parecia ter adotado critérios específicos para os ataques com mísseis a uma base aérea síria na semana passada, que teriam como objetivo impedir novos ataques químicos contra civis. O foco principal seria ainda combater os extremistas do "Estado Islâmico" (EI) na Síria e no Iraque.

Não se sabe ao certo se os EUA vão intervir em caso de novos ataques químicos ou se inocentes forem mortos por outro tipo de armamento; se Washington deve pressionar pela retirada de Assad do poder ou se vai se restringir a combater o EI no território sírio. Também pairam dúvidas se o interesse americano é combater o terrorismo no país árabe ou trabalhar para aliviar a crise humanitária ou ainda restaurar a estabilidade no país.

Nikki Haley, embaixadora dos EUA na ONU, afirmou que Assad deve ser removido do poder, para que uma solução política seja viável. Não há qualquer confirmação da Casa Branca, porém, de que seja esse o posicionamento oficial de Washington. Este é, inclusive, um dos questionamentos feitos pelos aliados do G7 em cúpula na Itália.

RC/afp/ap/ots