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Onde canta o celular

DW (av)7 de maio de 2008

Várias espécies de aves silvestres da Europa já incorporaram os onipresentes toques de celular a seu repertório. Especialistas tranqüilizam: trata-se de um fenômeno "natural".

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Natureza versus civilizaçãoFoto: picture-alliance/dpa

A chegada da primavera na Europa representa a cada ano uma verdadeira revolução na natureza. Súbito, árvores e campos se cobrem de verde, brotam as primeiras flores, o ar se enche com o chilrear dos pássaros. Um rouxinol... um pintassilgo... Um celular?!

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Papagaios não são os únicos imitadores da naturezaFoto: picture-alliance/ ZB

A organização alemã de proteção à natureza Nabu (Naturschutzbund Deutschland) tem observado que certas espécies de aves reproduzem com freqüência o toque de telefones celulares. A perfeição é tamanha que chega a confundir os especialistas.

Entre os melhores imitadores encontram-se a gralha-de-nuca-cinzenta (Corvus monedula), o estorninho-malhado (Sturnus vulgaris) e o gaio-comum (Garrulus glandarius), muito difundidos na Alemanha e em boa parte da Europa.

Sapos, freios, galinhas e sirenes

Richard Schneider, do Centro de Proteção às Aves Silvestres da Nabu, em Mössingen (sul da Alemanha), explica que a busca de alimentos leva até as espécies mais tímidas a se aproximar das cidades. Por outro lado, o calor igualmente atrai ao ar livre os seres humanos e seus indefectíveis celulares.

Sem qualquer consciência do deleite que causam aos ouvintes humanos, para os pássaros o canto é sobretudo um instrumento de corte, durante a época do acasalamento. Outras finalidades são a delimitação de território e a orientação.

Entretanto, algumas espécies são notórias por incorporar rapidamente os sons ambientais em seu canto. O estorninho-malhado parece ser o rei absoluto no campo da imitação. De seu repertório constam coaxos, latidos, cacarejos, assim como assobios humanos, o ruído de pingos, freios ou sirenes de ambulâncias.

Idéia para uma ação ecológica

Falando à DW-WORLD.DE, Jochen Mill, também do centro da Nabu em Mössingen, tranqüiliza: não há perigo de que, no futuro, os pássaros silvestres se especializem em cantar como celulares.

BdT Storch im Münsteraner Zoo
Foto: picture-alliance/ dpa

"Trata-se de um processo de adaptação, no qual as aves imitam os sons dos seres humanos. Os toques clássicos de celulares assemelham-se ao seu repertório natural. Por outro lado, elas são incapazes de reproduzir toques polifônicos e outros sons mais complexos", afirma o ornitólogo.

Mas talvez o remédio esteja na internet. A Nabu oferece em seu website uma seleção de vozes de pássaros como toques de celular, da gralha alpina ao matraquear da cegonha branca. Que tal subverter os meios, iniciando uma ação ecológica: vamos baixar os cantos das aves e passear nos bosques, de telefoninho em punho! Assim, quem sabe, a aculturada fauna silvestre européia tenha a chance de retornar às suas raízes canoras.