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Crise do euro

27 de dezembro de 2010

Pesquisa indica que 49% dos alemães querem a volta do marco. Segundo especialistas, com um retorno do marco, a Alemanha teria uma moeda mais forte, mas sua indústria perderia competitividade na exportação.

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Alemães ainda têm vínculo afetivo com antiga moedaFoto: Fotolia/christian-colista

De acordo com uma pesquisa publicada na edição desta segunda-feira (27/12) do tabloide Bild, 49% dos alemães desejam o retorno do marco, a antiga moeda nacional. Segundo a enquete, realizada pelo Instituto YouGov, de Colônia, 41% dos entrevistados afirmaram não querer uma volta da moeda alemã e 51% se declararam insatisfeitos com o euro.

Apenas 17% têm a sensação de que foram beneficiados com a adoção do euro, enquanto 77% responderam à pergunta de forma negativa. Na sondagem, 67% dos entrevistados se disseram preocupados com a estabilidade do euro, enquanto 56% temem uma inflação.

Os alemães continuam ligados afetivamente ao seu marco: quase 14 bilhões em notas e moedas ainda não foram trocados pelo euro, segundo informações do Bundesbank, o banco central alemão.

Tecnicamente retorno seria possível

Depois que a Irlanda teve que recorrer ao fundo de resgate do euro, economistas e os políticos discutem o que aconteceria se a zona do euro se esfacelasse. Em princípio, um retorno do marco alemão não seria tecnicamente um grande problema, já que no Bundesbank trabalham cerca de 10 mil profissionais bem treinados. As autoridades monetárias levaram o marco alemão à antiga Alemanha Oriental, garantindo que o euro estivesse disponível em toda a Alemanha da noite para o dia, tarefa hoje considerada um grande desafio.

Se a união monetária um dia se pulverizasse, a Alemanha estaria entre os países possuidores de moeda forte, juntamente com Bélgica, Holanda e Finlândia. O que significa que, em comparação com o escudo, a dracma, a peseta e a lira, o marco subiria bastante de valor.

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Moedas de 5 marcos alemães em relógios. Quase 14 bilhões ainda não foram trocadosFoto: AP

O consumidor alemão, então, poderia comprar vinhos da Itália, azeitonas da Grécia e passar férias na Espanha por um preço muito mais baixo do que hoje. Por outro lado, os produtos alemães no exterior se tornariam mais caros. Automóveis, máquinas e equipamentos made in Germany sairiam a preços proibitivos para quem é de Portugal, Irlanda e talvez até mesmo da França.

"Hoje, o euro está um pouco supervalorizado. No entanto, o marco seria muito mais forte, por isso o grau de competitividade dos preços da indústria alemã seria muito mais baixo do que é hoje", avalia Klaus Schrüfer, economista-chefe do banco SEB.

Países fracos poderiam falir

Os países de moeda fraca teriam ainda um outro problema: a inflação galgaria assustadoramente, logo alcançando os dois dígitos. Isso lhes tornaria impossível pagar suas dívidas, que seriam, em parte, calculadas em marco. Isso teria como consequência a falência de alguns Estados.

A economia alemã atualmente se beneficia de taxas de juro baixas que, na verdade, não refletem mais a força da economia local. "A Alemanha está atualmente lucrando com o fato de estarmos na zona do euro. Sem o euro, as condições para a economia alemã estariam muito piores", acredita Schrüfer.

Com um retorno do marco, provavelmente alguns preços subiriam. O cappuccino certamente não teria seu preço de 2,50 euros reconvertido para 4,88 euros, mas sim arredondado para 5 euros. Esse seria um preço pela volta do marco que muitos alemães pagariam com gosto, se bem que a conta total ficaria bem mais alta.

Autor: Stefan Wolff/dpa (md)
Revisão: Augusto Valente