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Queima de carvão bate recorde na Alemanha em 2013

7 de janeiro de 2014

Uso do combustível nas termelétricas é o maior desde a Reunificação. Apesar dos investimentos em recursos limpos, utilização dessa fonte de origem fóssil, que não é renovável, ainda domina geração de energia no país.

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Foto: picture-alliance/dpa

Apesar da meta de suprir 80% da sua demanda de energia com fontes renováveis até 2050, a Alemanha continua dependendo fortemente do carvão. Em 2013, o país produziu 162 bilhões killowatts/hora a partir do linhito, um tipo de carvão. Desde 1990, época de reunificação do país, o consumo dessa matriz fóssil não era tão elevado. Naquele ano, quando as termelétricas da antiga Alemanha Oriental ainda operavam, foram 171 bilhões killowatts/hora. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (07/01) pelo Ageb, um centro de estudos que monitora o setor no país.

O relatório mostra ainda que, no ano passado, as termelétricas consumiram 6,5% mais linhito que em 2012. A geração de energia a partir do carvão betuminoso também aumentou, totalizando 124 bilhões killowatts/hora. Juntos, os dois tipos de carvão produzem duas vezes mais energia que fontes renováveis como vento, água, radiação solar e biomassa.

Diferente do carvão betuminoso, o linhito é um tipo de carvão mineral de menor eficiência: com isso, uma maior quantidade da matéria fóssil precisa ser queimada para a produção de energia. Essa fonte é mais barata e, por isso, mais empregada. Outras fontes mais limpas, como o gás natural, são mais caras.

A pesquisa apontou ainda que o país vendeu mais energia para seus vizinhos. "A Alemanha exportou mais energia do que importou em 2013, que também é gerada a partir do carvão", critica Patrick Graicher, especialista em energia.

O preço da virada energética

Em 2013, as fontes renováveis geraram 147,1 bilhões killowatts/hora. Até o momento, estima-se que mais de 20 bilhões de euros foram investidos na Alemanha em energia limpa.

Os investimentos em fontes renováveis foram intensificados depois do acidente nuclear de Fukushima, no Japão, que gerou pressão interna por fontes mais limpas. Com isso, o governo alemão decidiu desligar suas usinas nucleares até 2022 e reduzir em 10% o consumo de eletricidade nos próximos oito anos. Desde 2010, a produção de energia atômica na Alemanha caiu de 140,6 bilhões killowatts/hora para 97 bilhões de killowatts/hora.

Nesse meio tempo, a conta de luz ficou mais cara. Uma família que consome cerca de 3.500 quilowatts/hora por ano pode pagar até 500 euros a mais na conta. O reajuste seria para custear a chamada virada energética, a favor das fontes limpas. Neste ano, outros 23,5 bilhões de euros devem ser investidos em pesquisa e desenvolvimento de novas plantas solares, eólicas e de biomassa.

Recado ao governo

Depois da publicação do relatório, Gerald Neubauer, do Greenpeace, deu uma declaração dirigida ao ministro das Energias da Alemanha, Sigmar Gabriel: "Ele deve tomar medidas para impedir o chocante boom do carvão. Esse é o problema mais sério da transição energética e coloca em risco as metas de proteção climáticas da Alemanha".

A Associação para o Meio Ambiente e Conservação da Natureza da Alemanha (BUND) alertou ainda que as emissões de gases do efeito estufa também cresceram entre 2009 e 2012, mas foram particularmente maiores em 2013, distanciando o país da meta de reduzir as emissões em 40% até 2020.

IE/dpa/ap/dw