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Quem é a misteriosa irmã do líder norte-coreano?

Gabriel Dominguez17 de outubro de 2014

Durante a ausência do jovem ditador Kim Jong-un, surgiram rumores de que sua irmã mais nova teria assumido o comando do regime em Pyongyang. Especialista fala sobre o perfil de Kim Yo-jong.

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Kim Yo-jong (esq.) teria substituído Kim Jong-un durante o tempo em que ele esteve sob cuidados médicosFoto: picture-alliance/dpa/KCNA

Pouco se sabe sobre Kim Yo-jong – além do fato de ela ser filha do ex-ditador Kim Jong-il e irmã de Kim Jong-un, que assumiu a chefia de Estado da Coreia do Norte após a morte do pai, em dezembro de 2011. Ela tem sido vista com frequência ao lado do irmão e atua no Partido Comunista.

Os rumores são de que Kim Yo-jong teria governado o país no lugar do irmão nas últimas cinco semanas, quando ele ficou inexplicavelmente ausente. De acordo com o instituto independente NKIS, criado por desertores do regime, ela teria ficado com a responsabilidade de tomar importantes decisões de governo no período.

Em entrevista à DW, o especialista em Coreia do Norte Michael Madden, editor do site NK Leadership Watch, explica quem é Kim Yo-jong e seu papel dentro do cerceado regime norte-coreano.

DW: Quem é Kim Yo-jong?

Michael Madden: Kim Yo-jong é a mais nova dos sete filhos do ex-líder supremo Kim Jong-il, portanto irmã mais nova de Kim Jong-un. A mãe dela, Ko Yong Hui (1952-2004), era integrante da prestigiada trupe artística Mansudae e esposa de Kim Jong-il.

Onde ela estudou?

Kim Yo-jong recebeu aulas privadas em casa e, assim como Kim Jong-un, frequentou duas escolas próximas a Berna, na Suíça, durante a década de 1990 e início dos anos 2000. Depois, foi para uma universidade na Coreia do Norte e fez alguns cursos na Europa Ocidental.

Qual é o status dela na família Kim?

Ela é a irmã mais nova do líder supremo e uma de suas confidentes mais próximas, o que dá a ela um status bem alto dentro da família. No entanto, dado o caráter patriarcal da atual cultura política norte-coreana, ela não é uma provável candidata à sucessão.

Qual papel ela desempenha no Partido Comunista e no país?

Kim Yo-jong tem o cargo de vice-diretora de departamento do Partido dos Trabalhadores do Comitê Central da Coreia do Norte, que é uma posição poderosa no sistema político. Sua função básica envolve a administração da agenda do irmão, acertando questões de segurança e logística para as viagens que ele faz. Ela também tem responsabilidades de orientação mais substancialmente políticas. Dado o acesso pessoal que ela tem a Kim Jong-un e à principal liderança do país, ela é bastante poderosa.

Como ela é capaz de se garantir sendo mulher em uma sociedade de forte domínio masculino?

Tanto o status dela como membro da família Kim quanto o fato de ela ser politicamente ativa indicam que este não é o tipo de dinâmica que funciona ali. Ela é integrante da família real e será considerada com a deferência apropriada a que implica em qualquer sociedade. Ela conduz inspeções e dá ordens em alguns casos, mas isso não significa que ela vai necessariamente ascender à posição de líder supremo.

Ela realmente assumiu o lugar no irmão durante a ausência dele?

Eu não imagino que Kim Yo-jong tenha assumido completamente o cargo durante o tempo em que Kim Jong-un estava em recuperação. Ele nunca esteve em uma condição tão ruim em que tivesse que se afastar do poder por muito mais do que algumas horas.

Então qual o papel que ela desempenhou durante a ausência dele?

Como uma das assessoras mais próximas de seu irmão, ela assumiu outras tarefas administrativas – recebendo relatórios, passando informações para Kim Jong-un, repassando instruções, convocando altos oficiais. Isso também aconteceu quanto o ex-líder supremo esteve se recuperando de um AVC durante o verão e o outono de 2008, com inúmeras pessoas próximas a ele dando continuidade ao regime – incluindo a irmã dele, Kim Kyong-hui, o cunhado Jang Song-thaek e sua secretária pessoal, a viúva Kim Ok.

Em um sistema político como o da Coreia do Norte, os guardiões do governo acabam exercendo um grande poder, especialmente se o líder está convalescente.