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Rússia diz que caso Skripal é vantajoso para o Reino Unido

2 de abril de 2018

Ministro russo do Exterior sugere que Londres pode ter ordenado o envenenamento de ex-espião russo para desviar a atenção dos problemas em torno do Brexit. Lavrov acusa Ocidente de "mentir abertamente" sobre o caso.

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O ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov
O ministro do Exterior russo, Sergei LavrovFoto: Getty Images/AFP/J. Makovec

O ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, sugeriu nesta segunda-feira (02/04) que o governo britânico pode ter ordenado o envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal para desviar a atenção da opinião pública sobre a iminente saída do Reino Unido da União Europeia.

Em entrevista em Moscou, Lavrov declarou que o ataque a Skripal na Inglaterra poderia ser interessante para o governo em Londres, que "se encontra em situação desconfortável pela incapacidade de cumprir as promessas feitas aos eleitores sobre as condições do Brexit".

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O ministro ainda afirmou que o envenenamento também seria "de interesse dos serviços especiais britânicos, que são conhecidos pela capacidade de agir com permissão para matar".

Segundo ele, a Rússia não tinha nenhum motivo – às vésperas das eleições presidenciais de 18 de março e a poucos meses da Copa do Mundo de futebol – para atacar o ex-espião russo, que foi condenado na Rússia por traição, mas foi incluído em 2010 numa troca de prisioneiros.

Lavrov acusou o Reino Unido, os Estados Unidos e outros países que "os seguem cegamente" de terem "perdido toda a decência", de "mentirem abertamente" sobre o caso Skripal e de estarem fazendo "jogos infantis". Londres e alguns aliados acusam diretamente o governo russo de responsabilidade pelo ataque.

"A Rússia não tem nada a ver com o envenenamento e estamos muito interessados – acredito que mais do que qualquer outro país – em que a verdade seja estabelecida", disse o chanceler.

O ministro também criticou a decisão de vários países ocidentais de expulsar diplomatas russos em represália ao ataque contra Skripal. Segundo ele, trata-se de uma "vingança" contra os funcionários do país "num momento em que ainda não há provas" do envolvimento de Moscou.

Crise diplomática

A crise em torno do envenenamento do ex-espião russo e de sua filha Yulia, em 4 de março passado, já acarretou a expulsão de centenas de diplomatas em todo o mundo.

Sergei Skripal e sua filha Yulia
Sergei Skripal e sua filha YuliaFoto: picture-alliance/Globallookpress

Na semana passada, os EUA ordenaram a retirada de 60 funcionários russos e o fechamento do consulado do país em Seattle, em resposta ao ataque. A atitude foi seguida por mais de 20 países, entre muitos europeus, que desde então já expulsaram mais de 150 diplomatas russos. A Otan também expulsou representantes do país.

Dias depois, Moscou decidiu expulsar o mesmo número de diplomatas americanos, bem como fechar o consulado dos EUA em São Petersburgo, em resposta às medidas de Washington. Mais tarde, endureceu as sanções diplomáticas anunciadas anteriormente contra o Reino Unido e ordenou a expulsão de mais de 50 funcionários da embaixada britânica em Moscou.

Skripal, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33, permanecem internados desde que foram encontrados inconscientes, em 4 de março passado, num banco próximo a um parque na cidade de Salisbury, localizada a 120 quilômetros de Londres.

Na quinta-feira passada, os médicos comunicaram que Yulia "tem respondido bem ao tratamento" e seu estado de saúde deixou de ser crítico. A situação do pai segue crítica, mas estável.

Investigação sobre o agente nervoso

Especialistas britânicos que trabalham no caso identificaram o agente nervoso que os envenenou como pertencente a um grupo de substâncias tóxicas conhecido como Novichok, fabricado pela União Soviética nos anos 1970 e 1980 – Londres baseia nisso suas acusações.

Desde então, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) já recebeu e analisou duas amostras da substância enviadas pelo Reino Unido, afirmou o representante russo no órgão, Alexander Shulgin. O resultado da investigação deve ser divulgado nas próximas semanas.

Nesta segunda-feira, Shulgin alertou que a Rússia só aceitará a conclusão do inquérito se o trabalho de pesquisa contar com a participação de especialistas do país – o que ele denuncia não estar acontecendo. Quando o Kremlin pediu à Opaq acesso ao teste realizado no Reino Unido, a organização respondeu que precisa de aprovação do governo britânico.

"Tendo em vista a postura do Reino Unido de rejeitar qualquer cooperação conosco, não podemos esperar uma resposta positiva", disse Shulgin. "Defendemos uma investigação multilateral, aberta e imparcial, que conte com nossos especialistas."

EK/afp/ap/rtr/efe/lusa

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