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Incêndios e seca

4 de agosto de 2010

Queimadas nas florestas já fizeram 48 vítimas no país. A pior seca do século prejudica as colheitas de trigo do terceiro maior exportador do grão. Incêndios chegaram a ameaçar instalação nuclear.

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Destruição: fogo consome 188 mil hectaresFoto: AP

A situação na Rússia se agrava: a devastação causada pelo fogo, o número de vítimas e a pior seca dos últimos 130 anos fizeram com que o presidente Dimitri Medvedev interrompesse suas férias e convocasse reuniões de emergência nesta quarta-feira (04/08).

Segundo informações oficiais, 48 pessoas já morreram em decorrência dos incêndios florestais, que na manhã desta quarta-feira cobria uma área de 188.525 hectares – o equivalente a aproximadamente 188 mil campos de futebol.

Devido à destruição causada pelo fogo, foi decretado estado de emergência em sete regiões do país. A situação era especialmente preocupante em Sarov, na Rússia central, onde foram registrados incêndios florestais nas proximidades de um centro secreto de pesquisa nuclear.

Mais de 2 mil funcionários do serviço de emergência russo foram enviados para o local para combater as chamas. Segundo o chefe da agência nuclear que supervisiona os trabalhos, Sergei Kiriyenko, a situação está sob controle. "Nada está ameaçando as nossas instalações, não há ameaça ambiental nem risco de explosão", declarou Kiriyenko à agência de notícias russa Inferfax.

No entanto, a base naval de Kolomna não escapou do fogo. Autoridades confirmaram os danos: o incêndio consumiu departamentos inteiros e depósitos com equipamentos aeronáuticos e veículos.

Em Moscou, a população tenta encontrar meios de conviver com a poluição provocada pelos incêndios. Há registros de mortandade de pássaros: os animais sofrem com a falta de oxigênio no ar e com os gases tóxicos liberados pelo fogo.

Waldbrände in Russland Flash-Galerie
Incêndios florestais já fizeram 48 vítimas e provocaram danos materiais ainda não calculadosFoto: AP

Ameaça à agricultura

Meteorologistas preveem que as temperaturas irão ultrapassar os 40 graus na Rússia nos próximos dias. Aliado ao calor, a seca ameaça as plantações, podendo comprometer o comércio internacional do país.

O terceiro maior exportador de trigo do globo reviu as previsões de colheita para 2010 de 85 milhões para 75 milhões de toneladas. No entanto, analistas dizem que o país poderá colher menos de 70 milhões de toneladas do grão, o que diminuiria pela metade a quantidade exportada.

Anteriormente, a Rússia havia estimado que 20 milhões de toneladas de trigo seriam destinadas ao comércio externo. No entanto, esse índice não foi revisto pelas autoridades desde o agravamento da seca. Analistas calculam que a exportação não passe dos 12 milhões de toneladas.

Até o final de julho, a seca no país já havia provocado a destruição de 10 milhões de hectares de plantações – a área aproximada de Portugal. O maior exportador de trigo da região do Mar Negro deve cair para a quinta posição no ranking mundial, segundo previsão do Conselho Internacional de Grãos.

O ministério russo da Agricultura elevou de 23 para 27 o número de regiões em estado de emergência devido à seca. Em agosto, a formação das plantações de milho e beterraba de açúcar deverão ser satisfatórias na Rússia europeia, mas poderão ser prejudicada em outras partes do país.

A seca, que afetou as safras de trigo da Romênia à Sibéria, poderá comprometer também as colheitas do próximo ano.

NP/dpa/afp/rts
Revisão: Rodrigo Rimon