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Economia

9 de setembro de 2010

A economia dos países industrializados deverá crescer menos do que o esperado no segundo semestre: 1,5% em vez de 1,75%, projeta a OCDE. Já a economia dos Bric continua a todo vapor.

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Porto de Duisburgo: exportações puxaram recuperação da economia alemã no segundo trimestreFoto: Duisburger Hafen

O novo prognóstico da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma ducha de água fria no otimismo dos sete países mais industrializados do mundo. A sensação da crescente recuperação econômica, celebrada por governos e empresários, pode acabar mais rápido do que o esperado.

O relatório sobre o panorama econômico divulgado nesta quinta-feira (09/09) indica que o ritmo de recuperação vai ser mais lento do que a própria OCDE previa. Segundo os novos cálculos, os países do G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Canadá) deverão crescer 1,5% no segundo semestre de 2010, em vez do 1,75% estimado em maio pela organização.

No primeiro semestre do ano, o crescimento da economia nesse grupo de países havia sido de 2,5%. O economista-chefe da OCDE, Píer Carlo Padoan, pondera: "A economia está se recuperando. Mas as incertezas aumentaram. Mas não é provável que estejamos indo em direção a uma nova queda."

Caso Alemanha

A nova previsão, mais contida, não corresponde ao otimismo verificado recentemente na Alemanha. O país se surpreendeu com o crescimento do PIB registrado no primeiro semestre do ano –o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,2% no segundo trimestre de 2010, em comparação com os três primeiros meses do ano. Segundo as estimativas da OCDE, os próximos dois trimestres devem registrar taxas de 0,7% e 1,1%.

"Nós tivemos um excelente segundo trimestre, ninguém esperava que seria assim. Agora, é normal essa desaceleração, ela é bem típica. Nós achamos que estamos de volta aos trilhos, à normalidade", avalia o economista Kai Carstensen, do instituto alemão Ifo.

Em entrevista à Deutsche Welle, Carstensen disse que, de fato, ainda há muito receio nos mercados globais e que, entre os alemães, não há um otimismo exacerbado. "Mas também não somos pessimistas quanto ao futuro", acrescentou.

O economista vê a economia alemã quase como uma exceção durante a crise financeira mundial, já que o país não sofreu uma crise interna como a maioria dos países europeus.

Brasil: ritmo acelerado

O relatório da OCDE, por outro lado, ressalta que "o crescimento permanece robusto nas economias dos grandes países emergentes", mas não dá maiores detalhes. De fato, nos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), o esforço é para conter o avanço desenfreado da economia.

"O crescimento dos países do Bric não é sinal de fraqueza dos países europeus ou dos Estados Unidos", comenta Carstensen quando questionado sobre a mudança do cenário econômico mundial.

O economista diz que, em comparação com as nações do G7, a renda per capita dos Bric continua sendo inferior. "A Europa e os Estados Unidos precisam ser cuidadosos, entretanto. Os governos precisam estar atentos para não terem a competitividade ameaçada. Não é hora de ser reticente", adiciona.

Para o economista alemão, os países do Bric também deverão enfrentar uma desaceleração num futuro próximo. No Brasil, esse cenário é descartado, ao menos na visão do ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega.

No segundo trimestre de 2010, o Brasil registrou um crescimento de 1,2% do PIB em relação aos três meses anteriores. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a taxa foi de 8,8%. E, segundo a avaliação do ministro, o PIB brasileiro em 2010 não será inferior a 7%.

"Acredito que, entre as grandes economias, a taxa de crescimento atual do Brasil está atrás apenas da China. O nosso índice de crescimento está um pouco acima do da Índia e é maior do que o da Coréia do Sul e do que o de outros países emergentes", disse Mantega durante uma coletiva com a imprensa internacional.

Para o ministro, a economia brasileira está muito sólida no período pós-crise, e deve ser uma das que mais vai crescer nos próximos anos.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Alexandre Schossler