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Recursos de mídia americanizam campanha eleitoral

Vanessa Fischer26 de agosto de 2002

Mais do que nunca, observa-se nesta campanha eleitoral a influência norte-americana na estratégia dos partidos.

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Duelo na TV: uma novidade na política alemã, à moda americanaFoto: AP

A locomotiva das campanhas eleitorais hoje é outra; marketing, a palavra-chave, ou seja: o posicionamento do candidato no mercado, como se fosse um produto à venda.

E este posicionamento é reforçado por instrumentos da mídia e da internet. Os grandes concorrentes, o Partido Social Democrático (SPD) e a União Democrata-Cristã (CDU), lançaram nesta campanha eleitoral uma série de portais na internet, entre eles as plataformas de rapid response, que contêm respostas rápidas aos ataques do adversário.

Por conseguinte, marqueteiros, estrategistas políticos e profissionais de mídia, os chamados spin doctors, têm alcançado ampla influência nas campanhas eleitorais dos últimos anos. Novas profissões estão surgindo nesse campo. Quer dizer que a campanha eleitoral na Alemanha está cada vez mais americanizada?

"Besteira", diz o responsável pela campanha do SPD, Matthias Machnig. "A maioria das pessoas que falam sobre campanha americanizada aqui na Alemanha nunca testemunhou uma campanha eleitoral nos Estados Unidos. Há tantas diferenças, começando pelo sistema eleitoral e o papel da mídia até o significado dos partidos na Alemanha."

O secretário-geral e coordenador de campanha da CDU, Laurenz Meyer, afirma que a estratégia dos democrata-cristãos não é nada americanizada porque, "com a instituição de um time de competência, nós estamos fazendo uma campanha temática". Este denominado time de competência que apóia o candidato a chanceler federal, Edmund Stoiber, sugere ter um especialista para cada cargo político. "Queremos com isso nos distanciar da estratégia do SPD que, copiando os Estados Unidos, concentra sua campanha unicamente na pessoa de Gerhard Schröder", diz Meyer.

O professor de gestão política da Universidade de Bremen Thomas Faist, especialista em campanha eleitoral, chama este tipo de argumentação de "tática de mídia". Pois, durante a última campanha eleitoral nos Estados Unidos, Al Gore também optou por uma estratégia concentrada no slogan da competência. "E isto não quer dizer que a CDU transmita mais conteúdo político que o SPD."

Portanto, na realidade, ambos os partidos se deixaram influenciar pelas campanhas eleitorais norte-americanas, principalmente em sua tendência de personalizar e de reforçar a comunicação através da mídia, desleixando a comunicação dentro do partido, que continua sendo importante para vencer eleições.

Este tipo de campanha personalizada e voltada para a mídia tenta atingir a camada de eleitores que já não se identifica mais com um partido por motivos ideológicos tradicionais, ou seja, o trabalhador que dá seu voto para o SPD e o setor conservador cristão que simpatiza com a CDU.

Estes setores sociais certamente estão se tornando permeáveis no século 21, mas eles ainda existem. Durante as últimas eleições em 1998, 70% dos eleitores alemães ainda afirmaram se identificar com a linha política de um dos grandes partidos.

Tudo indica, portanto, que com suas campanhas — por mais profissionais que elas sejam —, os partidos estão arriscando perder seu perfil político, o que a longo prazo não deve motivar o cidadão a comparecer às urnas. Na Alemanha, o voto não é obrigatório.