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Psicologia dos reféns

Sean Sinico (lk)13 de abril de 2007

É grande a preocupação com o destino de dois cidadãos alemães seqüestrados no Iraque, depois que expirou um segundo ultimato dos seqüestradores. O perito Paul Rees explica os aspectos psicológicos de um seqüestro.

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Informações sobre o seqüestro convergem para o Ministério do Exterior em BerlimFoto: picture-alliance/dpa

DW-WORLD: Uma alemã de 61 anos que já vivia no Iraque há décadas e seu filho de 20 anos que trabalhava para o Ministério iraquiano do Exterior foram seqüestrados em fevereiro. Quais são os processos psíquicos que ocorrem durante um cativeiro como esse?

Paul Rees: Depende dos reféns. Se forem agressivos, provavelmente não serão muito bem tratados pelos seqüestradores. Os reféns nunca devem provocar os seqüestradores, precisam ser sempre corteses e solícitos. Mas é preciso manter a auto-estima e a autoconfiança, acreditar sempre na fuga e na libertação.

Não sabemos se ambos estão juntos no cativeiro ou separados. Isso faria uma diferença?

Quando eles são mantidos juntos, os seqüestradores fazem isso por um motivo. Querem evitar estresse para os reféns – e, portanto, também para si próprios. Quando os reféns são separados, para não poderem conversar entre si, então é porque se quer pôr um contra o outro, para obter informações, por exemplo. O fato de os dois terem sido mostrados juntos na televisão teve, é claro, razões emocionais. Era para causar impressão às pessoas e fazer pressão sobre o governo alemão.

Geralmente os reféns ficam sabendo dos ultimatos?

Geralmente não. Muitos seqüestradores dizem aos reféns que eles serão mortos se suas exigências não forem cumpridas – para fazer pressão. Se as exigências realmente não são cumpridas, então eles começam com ameaças verbais sobre possíveis conseqüências. Se tiverem sido simpáticos até então, podem mudar rapidamente de atitude. Mas, quanto mais dura o cativeiro, mais surgem oportunidades de um diálogo entre reféns e seqüestradores.

O que isso pode significar para os reféns?

Isso pode ser positivo para eles. Eles podem tentar conversar com os seqüestradores. A família geralmente é um assunto bom para iniciar uma conversa, a não ser que os seqüestradores tenham se tornado terroristas depois que toda sua família foi morta.

Os seqüestradores geralmente são instruídos a não conversar com os reféns, a não ser que queiram obter alguma informação. Mas se o gelo for quebrado uma vez, pode haver uma abertura. Quando se estabelece uma relação entre eles, isso ajuda os reféns fisica e psicologicamente.

Que efeitos se manifestam nas pessoas após a libertação?

As pessoas reagem psicologicamente de maneira deiferente a um trauma desses. Depende principalmente de como foram tratadas durante o cativeiro. Muitas sofrem de estresse pós-traumático, principalmente se tiverem sofrido abuso sexual ou tiverem sido de alguma maneira maltratadas. Se tiverem tido um tratamento mais humano, é possível que as seqüelas sejam menos graves.

Paul Rees é diretor da Centurion Risk Assessment Services, uma empresa britânica especializada em treinar jornalistas, representantes de organizações humanitárias e de ONGs que vão atuar em regiões em crise.