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Reichstag: de símbolo político a arquitetônico

Silke Bartlick (jb/mm)1 de agosto de 2006

O imperador Guilherme 1º colocou a pedra fundamental em 1882. Doze anos mais tarde, o Reichstag de Berlim, projetado por Paul Wallot, foi acabado. Hoje, dificilmente encontra-se um prédio na Alemanha com tanta história.

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O Reichstag tem uma turbulenta históriaFoto: dpa

O prédio carrega uma turbulenta história. Foi nele que o imperador Guilherme 2º ridicularizou o Parlamento, chamando o regime de uma "casa de macaco". Foi nele, em 1914, que o deputado social-democrata Karl Liebknecht, um dos primeiros representantes do SPD a quebrar a disciplina partidária, votou contra os créditos de guerra. E foi nele que Philipp Scheidemann proclamou a primeira República alemã, em novembro de 1918.

Em 1933, o prédio se viu em chamas e, em 1945, foi duramente bombardeado. O interior foi saqueado e a cúpula destruída.

Após a 2ª Guerra Mundial, ficou abandonado próximo à fronteira da Alemanha Oriental, com ocasionalmente alguns turistas espiando por sobre o Muro. Também, eventualmente, era usado como local de exposições. Em 1995, o artista Christo foi autorizado a enrolar o prédio inteiro em um tecido de prata, evento que atraiu milhões ao local.

Hoje, o Reichstag é a sede do Parlamento alemão. E o edifício é, até o momento, considerado o mais eficiente prédio parlamentar no mundo. E é, ao mesmo tempo, um marco político que se transformou em símbolo arquitetônico.

Atração principal

Reichstag Flaggen auf Halbmast Seebeben
Cúpula é atração principalFoto: AP

"Nós somos turistas da Dinamarca e queremos ver a cúpula", disse um visitante estrangeiro. "Há muita história atrás deste lugar e essa é a razão pela qual queremos visitá-lo", declarou outro turista. "Todos já vimos muitas fotos antigas deles, incluindo uma em chamas. Nós queríamos vê-lo de perto. Além disso, é um marco da nossa capital", declarou um alemão.

Os visitantes – tanto alemães quanto estrangeiros – vão ao prédio independentemente do tempo e esperam pacientemente na entrada. Para eles, uma viagem a Berlim sem visitar o Reichstag é incompleta.

Nos últimos sete anos, aproximadamente 10 mil pessoas visitam o prédio diariamente. Isto não acontece somente porque é a sede do Parlamento alemão, mas por sua elaborada reconstrução, comandada pelo arquiteto britânico sir Norman Foster. Ele transformou o então opressivo e enorme prédio em um edifício moderno e acolhedor.

"Minha solução foi considerada radical", disse Foster. "Onde mais no mundo alguém pode entrar no prédio de políticos e subir para uma área pública, tudo debaixo de um mesmo teto? Então, ir subindo por rampas serpenteadas para uma plataforma de observação, de onde se pode ver diretamente o plenário?"

Sombrio a glamoroso

Reichstag 1945
Ilustração mostra o prédio destruído em 1945Foto: AP

Com o projeto de Foster e o abandono das grandiosas e clássicas fachadas, o sombrio Reichstag se tornou um prédio completamente diferente do que era no passado. Hoje possui um plenário totalmente novo com uma parede de vidro, bem iluminado e com novos dispositivos tecnológicos.

O ponto máximo é a cúpula de vidro, que pode ser visitada todos os dias. Dentro há uma iluminação especial com espelhos para o salão plenário. E, ao mesmo tempo, o ar do ambiente circula normalmente pelas passagens.

"Este prédio com sua estrutura interior e exterior cumpriu com todas expectativas, os visitantes podem absorver sua escala e design, ao invés de ficarem alienados por ele. E tudo graças a Norman Foster", disse Wolfgang Thierse, vice-presidente do Parlamento.

"Ele, com esse conceito, criou a síntese perfeita entre arquitetura moderna e raízes históricas do prédio. Reflete a sua história, o presente e o futuro através do design."

Chegando ao presente

Thierse, ex-presidente do Bundestag, estava lá naquele dia de abril de 1999, quando foi aberta a primeira sessão plenária no Reichstag reconstruído. O prédio voltava a ser freqüentado uma década depois da queda do Muro de Berlim.

Hoje, políticos de toda a Alemanha misturam-se a grupos de turistas. Enquanto passeiam pelos largos corredores, presenciam relíquias de outros tempos, eternizadas em trabalhos de artistas contemporâneos.

"Fabuloso", disse um visitante. "Este contraste entre o velho e o novo está muito bem conectado. Eu acho que a arquitetura é muito bem-sucedida e representa o futuro do prédio. E ao mesmo tempo seu passado."