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República Tcheca devolve cidadania a Milan Kundera

4 de dezembro de 2019

Quatro décadas após perder documentos da antiga Tchecoslováquia, autor de "A insustentável leveza do ser" recebe de volta nacionalidade tcheca, retirada pelo então regime comunista. Escritor vive na França desde anos 70.

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Milan Kundera
Milan Kundera resgata cidadania tcheca após quatro décadasFoto: Getty Images/AFP/M. Medina

O governo da República Tcheca anunciou que o escritor Milan Kundera recebeu de volta a cidadania que havia perdido há quatro décadas. 

O autor do romance mundialmente famoso A Insustentável leveza do ser (1984) emigrou para a França em 1975. Quatro anos depois, ele foi privado da cidadania pelos governantes comunistas na então Tchecoslováquia. Desde 1981 Kundera é cidadão francês.

Foi na França que Kundera publicou suas obras mais conhecidas, incluindo O livro do riso e do esquecimento, de 1978, sobre a oposição de cidadãos tchecoslovacos ao governo comunista. No ano seguinte, sua cidadania tcheca foi removida.

O embaixador da República Tcheca na França, Petr Drulak, afirmou a uma emissora de TV de seu país que entregou a Kundera seu certificado de cidadania em seu apartamento em Paris.

Kundera, de 90 anos, e sua esposa Vera receberam seus documentos no final de novembro do embaixador tcheco em Paris, informou o jornal Pravo na terça-feira (03/12). O casal está "muito satisfeito" e apreciou o "simbolismo" da decisão, disse Drulak, acrescentando que Kundera teria "um forte senso de identidade tcheca".

A ideia de devolver sua cidadania veio do primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, com quem Kundera se reuniu em Paris no ano passado. O primeiro-ministro era um defensor da ideia de devolver ao escritor sua cidadania tcheca.

Numa rara entrevista, a esposa de Kundera disse a uma revista de literatura tcheca o quanto ela sentia falta do país de origem e sonhava com ele à noite. Na ocasião, ela afirmou não pensar que o retorno seria possível depois de um artigo publicado em 2008 pela Respekt, uma revista universitária, acusando Kundera de haver colaborado com os serviços secretos comunistas e de ter traído um agente ocidental. Ele negou as acusações.

Mas o relacionamento do escritor com os tchecos continua marcado por certa tensão e muitos dos seus romances ainda não foram publicados em sua língua nativa. O autor de 90 anos vive recluso, viaja para seu país de origem apenas incógnito e nunca fala com repórteres.

Quando o autor lançou sua obra mais famosa, A insustentável leveza do ser, em 1984, o romance chegou às listas dos mais vendidos em todo o mundo e fez do autor uma estrela. Mais tarde, a obra se tornou um sucesso no cinema com Juliette Binoche e Daniel Day Lewis nos papéis principais.

CA/afp/dpa/ap/dw

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