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Residência de artistas

5 de outubro de 2009

A residência de artistas Bethanien é, para muitos convidados da cena internacional de artes, a primeira estação em Berlim. Muitos deles acabam ficando na cidade.

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Künstlerhaus Bethanien, no bairro de KreuzbergFoto: Künstlerhaus Bethanien GmbH

Romeo Gongora é, há quatro anos, um artist in residence, ou seja, um bolsista em residências internacionais de artistas. Nos últimos tempos, esse artista guatemalteco-canadense viveu em Amsterdã e Luxemburgo. Desde janeiro, está morando na Künstlerhaus Bethanien, em Berlim, e pretende ficar na cidade.

Gongora elogia a energia que emana da cidade, especialmente do bairro Kreuzberg e da própria residência de artistas. "Esses lugares têm em comum o fato de terem uma história de peso e de se modificarem com frequência", diz ele.

Sem preocupações

Künstler Romeo Gongora
Romeo Gongora com uma parte de sua instalaçãoFoto: DW

A bolsa que Gongora recebe é financiada por uma instituição canadense de fomento à cultura, o Council for the Arts. Essa é a fórmula da Künstlerhaus Bethanien: cooperar com parceiros e patrocinadores, que podem ser governos, fundações ou mecenas. Assim, tenta-se custear a permanência de cada artista durante um ano, orçada em torno de 35 mil euros.

"Só podemos fazer o convite quando sabemos que temos a verba para um determinado artista", explica Christoph Tannert, diretor da casa, onde o principal interesse gera em torno "de respostas interessantes para nossas questões existenciais".

Segundo Tannert, "isso é o que encontramos no mundo, nas diversas regiões e trazemos a Berlim". A ideia é, através desses artistas, enriquecer a plataforma berlinense de artes, influenciando, a partir da capital alemã, o circuito internacional de artes.

Hoje Berlim vive, entre outros, desta imagem, tendo se tornado uma cidade acessível, onde vive muita gente exercendo profissões ligadas à criatividade, numa atmosfera que dali se dissemina pelo mundo.

Olhar estranho sobre Berlim

Atelier im Künstlerhaus Bethanien
Ateliê na residência de artistasFoto: DW

Cada bolsista recebe mil euros por mês, além da cobertura de custos com seguro de saúde, seguro-viagem e passagens pagas. E também um adicional para despesas com material. Desde a fundação da casa, em 1974, passaram por ali mais de 400 artistas de 30 países. "Até 2011 estamos lotados", diz Tannert. A maioria dos hóspedes permanece um ano na casa, tendo sua estadia encerrada com o projeto de uma exposição.

A mostra final de Gongora, intitulada Volkskunsthalle (Saguão de artes do povo), está centrada na perfomance de tipos típicos da cidade, convidados pelo artista, como desempregados, um swinger, um músico. Todas pessoas que o artista conheceu nos meses em que viveu em Berlim e aos quais quer oferecer uma plataforma. "Aprende-se muito nessa cidade. Também através das muitas galerias e das atividades artísticas", conta Gongora.

Nada de preparação instantânea

Tannert conhece a fascinação que Berlim provoca nos bolsistas do programa de residências. "Não temos como prioridade fazer com que esses artistas passem por uma preparação instantânea para o mercado berlinense", acentua ele, embora isso aconteça automaticamente.

Permanecer em Berlim depende também dos contatos que o artista fez. Para muitas galerias berlinenses, a Künstlerhaus Bethanien é uma verdadeira fonte de talentos desconhecidos. Pois quem se candidata a uma bolsa tem que provar certa experiência, sem, contudo, estar estabelecido no circuito internacional de artes.

Bolsa como cartão de visita

Installation des Künstlers Romeo Gongora
Instalação de Romeo GongoraFoto: DW

Para a polonesa Asia Zak, da Galeria Zak Branicka, especializada na arte do Leste Europeu, o fato de um artista ter sido bolsista do programa da residência de artistas Bethanien já é uma espécie de cartão de visitas.

"O fato de ganhar essa bolsa significa que ele já atingiu um determinado nível", diz Zak. Principalmente para artistas do Leste Europeu uma bolsa como essa vale ouro, pois incentivos do gênero são muito mais raros na Polônia, por exemplo, onde não se tem um acesso tão intenso à arte comtemporânea como em Berlim.

Bons agasalhos

Quem resolve ficar na cidade tem que saber o que vai enfrentar. A cidade não é um lugar onde seja possível "fazer grandes negócios espontaneamente em cada esquina", alerta Tannert. Para ele, o fluxo do tempo na cidade é mais lento; em compensação, a fase criativa pode ser, assim, muito mais intensa.

Tannert compara Berlim a Copenhague, Varsóvia e Amsterdã, lembrando que a capital alemã "não tem a velocidade de Londres ou Nova York". E por isso ele dá a seus artistas um conselho: "Quem quiser encontrar uma galeria para vender seu trabalho em Berlim, deverá se agasalhar bem". Artistas como Romeo Gongora não se sentem incomodados com isso, afinal, para eles, o que conta é a inspiração.

Autora: Ricarda Otte (sv)
Revisão: Alexandre Schossler