1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Segunda Guerra

14 de agosto de 2009

Restos mortais de mais de 2 mil alemães vitimados no fim da Segunda Guerra foram descobertos em vala coletiva na cidade de Malbork, no final do ano passado. Sepultamento ocorre agora, em culto ecumênico na Polônia.

https://p.dw.com/p/JBSa
Marbork, em 1939Foto: AP

As ossadas de mais de 2 mil homens, mulheres e crianças mortas na Segunda Guerra foram sepultadas, nesta sexta-feira (14/08), no cemitério alemão da cidade polonesa de Stare Czarnowo.

No ano passado, os restos mortais foram descobertos numa vala coletiva por operários que trabalhavam na construção de um hotel de luxo na cidade polonesa de Marbork.

Quem eram os mortos

Transport der Särge mit Gebeinen der Kriegstoten von Marienburg
Cada caixão conterá restos de 20 vítimasFoto: DW

Após a descoberta, em outubro passado, ainda demorou três meses para se esclarecer a dimensão da vala. O projeto do hotel foi transferido para um terreno adjacente, possibilitando assim o início da exumação.

A identidade da vítimas não foi esclarecida. Entre os restos mortais, constataram-se 1001 mulheres, 377 crianças e 381 homens. Além disso, não havia restos de roupas, sapatos ou objetos pessoais. Em mais de 300 cadáveres, não foi possível constatar o sexo dos mortos, após mais de 60 anos.

Vítimas de tifo?

Em 1944, as autoridades militares alemãs ordenaram a evacuação da população civil de Marbork. É provável que as pessoas em questão não tenham conseguido fugir a tempo, morrendo durante os violentos combates pela cidade, que culminaram com a invasão do Exército Vermelho. Em 1945, 1.840 antigos moradores alemães de Marbork foram dados como desaparecidos.

Segundo uma outra teoria, pode se tratar de habitantes vitimados por uma epidemia de tifo nos últimos meses de guerra e enterrados em massa dentro de uma cratera aberta pela explosão de uma bomba.

Segundo o investigador Maciej Schulz, como a vala não é mencionada em documentos alemães nem poloneses, as mortes devem ter ocorrido entre março e meados de maio de 1945, quando tropas soviéticas ocuparam a cidade.

Uma das práticas do Exército Vermelho nas cidades ocupadas era enterrar os mortos despidos em crateras de bombas, explica Schulz. Segundo lembram os poucos sobreviventes que ainda vivem em Marbork, eram muitos os cadáveres espalhados pela cidade no final da Segunda Guerra.

Vingança ou fome?

Bodo Rückert, funcionário do grupo dos alemães desterrados de Marbork, não descarta a possibilidade de eles terem sido mortos por poloneses, como vingança pelos sofrimentos durante a ocupação alemã.

O presidente da Associação da Minoria Alemã de Marbork, Georg Fritz, desconfia, no entanto, que se tratava de civis alemães mortos em fogo cruzado ou vitimados por frio, fome e doenças durante o rigoroso inverno de 1945. Os investigadores poloneses salientaram que somente em menos de 1% dos crânios se constataram perfurações a bala.

Apesar dos ressentimentos de guerra que ainda marcam as relações teuto-polonesas, o caso dos mortos de Marbork foi resolvido com sensibilidade. Autoridades de ambos os países chegaram a um consenso sobre o local de sepultamento das ossadas.

CA/dpa/ap

Revisão: Simone Lopes