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Reunião do G20 termina sem posicionamentos claros dos EUA

17 de fevereiro de 2017

Ao longo de dois dias, ministros do Exterior se reuniram em Bonn para debater problemas do mundo, e atenções estavam voltadas para novo governo americano. Mas Rex Tillerson não trouxe clareza sobre os objetivos de Trump.

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Encontro de ministros do Exterior do G20 foi em Bonn
Encontro de ministros do Exterior do G20 foi em BonnFoto: DW/A. Freund

A posição do novo governo americano em relação ao conflito na Síria era uma das grandes questões no encontro de ministros do Exterior do G20 em Bonn, que terminou nesta sexta-feira (17/02). O presidente americano, Donald Trump, defende uma aproximação com a Rússia, país que apoia militar e diplomaticamente, além de financiar, o líder sírio, Bashar al-Assad. Trump chegou a insinuar que poderia aceitar que Assad permanecesse no poder depois do fim da guerra.

Após uma reunião entre o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, o ministro francês do Exterior, Jean-Marc Ayrault, representantes da Turquia e de vários países árabes, o ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, afirmou que todos que participaram da reunião querem uma solução política para o conflito sírio. O grupo, convocado pela França, excluiu a Rússia.

Ayrault descartou ainda uma futura participação de Assad no governo da Síria. "O regime sírio sobrevive somente devido à ajuda externa. Ele não está numa posição para estabilizar todo o país", disse o ministro, com um pedido para que a Rússia coloque em prática sua influência para um processo de transição política.

Gabriel e Tillerson se reuniram paralelamente ao G20
Gabriel e Tillerson se reuniram paralelamente ao G20Foto: Getty Images/AFP/B. Smialowski

"Acreditamos que a Rússia pode ter um papel construtivo", acrescentou Ayrault, afirmando que Moscou e o Irã precisam parar de classificar todo oposicionista sírio como terrorista para que a oposição possa desempenhar um papel maior nas negociações de paz mediadas pela ONU. Segundo pessoas que participaram da reunião, Tillerson aprovou também essa exigência. No entanto, ele não confirmou essa afirmação em público.

"Todo concordaram que a solução política precisa ser alcançada na ONU, em Genebra", ressaltou Gabriel. Uma nova rodada de negociações de paz começa na Suíça na próxima semana. Isso significa que as negociações no Cazaquistão, influenciadas fortemente pela Rússia, não devem ser o centro das atenções.

O ministro alemão afirmou que não pode haver negociações paralelas. Segundo Gabriel, as conversas no Cazaquistão devem apenas debater um cessar-fogo e questões humanitárias, mas não abordar uma solução política, como deseja a Rússia.

A questão decisiva sobre as intenções do novo governo americano em relação à Rússia e à Síria – ambas estão ligadas – continuou sem resposta em Bonn. Segundo Gabriel, Tillerson apresentou-se muito engajado. Ao público, o secretário americano permaneceu mudo em Bonn. Em todo o caso, ele se mostrou reservado e, assim, se distinguiu de Trump.

Crise migratória e a África

A África foi outro tema central do G20 nesta sexta-feira. Os europeus têm um grande interesse na estabilização da região devido aos grandes movimentos migratórios. "Nós sentimos as consequências de problemas globais como terrorismo, fuga, expulsão, catástrofes humanitárias, escassez de água e guerras", disse Gabriel.

O ministro alemão destacou que a solução desses problemas passa pela cooperação e não pelo isolamento. "A África é um continente das possibilidades e do futuro", acrescentou Gabriel. Apesar da versão oficial, para organizações humanitárias, é preciso esperar o resultado da cúpula do G20, em Hamburgo, para ver até que ponto essas propostas serão concretizadas.

Gabriel, indiretamente, também se referiu as exigências americanas de que os europeus deveriam investir mais em defesa. "As políticas de segurança e de paz não podem ser reduzidas ao nível do investimento em defesa. Assim não vamos combater as mudanças climáticas, a escassez de água, a pobreza e crises que levam à violência e a conflitos", disse.

O ministro alemão mostrou muita compreensão ao seu colega americano em relação aos esforços americanos para soluções de conflitos internacionais. Não houve brigas, mas também quase nenhuma afinidade.

"Depende se nós estivermos seguros. Não há razões para submissão e também para o medo. Nós temos algo a oferecer como europeus", disse Gabriel à Deutsche Welle ao ser questionado sobre sua impressão de Tillerson e do governo americanos, após dois dias de reuniões.