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Riad diz que morte de jornalista foi "erro grave"

21 de outubro de 2018

Ministro do Exterior saudita afirma que príncipe herdeiro não sabia da operação que matou Khashoggi no consulado do país em Istambul. Em nota conjunta, Reino Unido, França e Alemanha exigem provas da Arábia Saudita.

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Ministro saudita Adel Al-Jubeir
Ministro saudita Adel Al-Jubeir diz não saber onde "está o corpo do jornalista"Foto: Reuters/T. Peter

O ministro do Exterior saudita, Adel al-Jubeir, afirmou neste domingo (21/10) em entrevista à emissora americana Fox News que não sabe "onde se encontra o corpo" do jornalista Jamal Khashoggi, considerando que a sua morte foi "um erro grave".

Jamal Khashoggi, 60 anos, entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no dia 2 de outubro, para obter um documento para se casar com uma cidadã turca e nunca mais foi visto.

Khashoggi era apontado como uma das vozes mais críticas da monarquia saudita e residia nos Estados Unidos desde 2017, sendo colaborador do jornal The Washington Post.

"Descobrimos que foi morto no consulado [saudita em Istambul]. Não sabemos como, em detalhe. Não sabemos onde está o corpo", declarou o chefe da diplomacia saudita, em Riad.

"Os indivíduos que fizeram isso atuaram fora do seu campo de responsabilidade. Cometeu-se um erro grave, acirrado pela tentativa de escondê-lo", disse o ministro, acrescentando que o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, "não foi informado" da operação e que ela não foi autorizada pelo regime.

O rei Salman "está determinado" em fazer com que os responsáveis pela morte do jornalista "prestem contas" e em "adotar procedimentos para os serviços secretos que impeçam a repetição de acontecimentos idênticos", indicou o ministro.

O chefe da diplomacia saudita apontou a ligação "estratégica" entre Washington e Riad, afirmando que "essa relação vai ultrapassar" o caso Khashoggi e as suas repercussões diplomáticas.

 Jornalista Jamal Khashoggi
Jamal Khashoggi era uma das vozes mais críticas contra o governo e família real sauditasFoto: picture-alliance/AA/O. Shagaleh

Nota conjunta

Também neste domingo, Reino Unido, França e Alemanha afirmaram que a versão que a Arábia Saudita forneceu sobre a morte do jornalista Jamal Khashoggi precisa se respaldada por fatos para ser crível.

"Ainda existe a necessidade urgente do esclarecimento do que ocorreu exatamente em 2 de outubro, além das hipóteses colocadas até agora pela investigação saudita", afirma a nota conjunta.

A Procuradoria da Arábia Saudita admitiu a morte do jornalista no consulado e atribuiu o fato a uma "briga".

No texto, Reino Unido, França e Alemanha ressaltam que a confirmação da morte "violenta" de Khashoggi representa uma "comoção" e que o caso é condenado "nos termos mais enérgicos possíveis".

"Precisamos mais esforços para estabelecer a verdade de uma maneira completa, transparente e crível. Defender a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são prioridades da Alemanha, do Reino Unido e da França. As ameaças, os ataques e os assassinatos de jornalistas, em qualquer circunstância, são inaceitáveis e provocam grande preocupação nas nossas três nações", diz o comunicado.

Os países pedem que a Arábia Saudita aprofunde a investigação até que as responsabilidades estejam "claramente estabelecidas" e que os culpados enfrentem os processos adequados em função dos crimes que possam ter cometido.

"Nosso julgamento final será baseado na credibilidade das novas explicações recebidas sobre o que aconteceu e com base na nossa confiança de que um evento vergonhoso como esse nunca mais aconteça", acrescenta o comunicado conjunto.

Os três governos afirmam que a "qualidade e importância" de sua relação com a Arábia Saudita é baseada no respeito às "normas e valores" internacionais que todos os países devem cumprir.

CA/efe/lusa