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Riscos da energia nuclear ainda preocupam alemães

Jeanette Seiffert (cn)11 de dezembro de 2013

Mais de dois anos após o acidente de Fukushima e o início da virada energética na Alemanha, medidas continuam a ser tomadas para proteger população. Implementação, porém, pode demorar, e críticos cobram mais ações.

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Foto: dapd

Quando, em março de 2011, as imagens da tragédia de Fukushima começaram a aparecer na televisão alemã, a chanceler federal Angela Merkel agiu rapidamente. Ela prometeu fazer uma revisão da segurança em todas as usinas nucleares alemãs e, não muito tempo depois, oito reatores já estavam desligados. Até 2022, o país estaria livre da energia atômica.

Quase três anos depois, no entanto, ainda pairam dúvidas sobre se todas as decisões tomadas foram corretas. Especialistas da comissão que assessora o governo na questão atômica afirmam que, no caso de um acidente nuclear a Alemanha, o número de pessoas expostas ao risco seria muito maior do que o estimado inicialmente.

Eles recomendam que as medidas de proteção à população em situação de emergência sejam ampliadas. Uma delas é a extensão do raio de isolamento da região de 10 para 12 quilômetros. A comissão verifica também limites mais incisivos para radiações. E sugere que todas as regiões possuam um estoque de comprimidos de iodo. Se tomados a tempo, eles impedem que iodo radioativo seja absorvido pela tireoide.

Medidas em aberto

Para Jochen Stay, do movimento antinuclear Ausgestrahlt (irradiado), as medidas de proteção já deveriam ter sido colocadas em prática antes. Ele argumenta que há dois anos se tem conhecimento de que a radiação se propaga muito mais longe do que o imaginado anteriormente.

300 Tonnen radioaktives Wasser versickert in Fukushima August 2013
Dois anos após acidente, Fukushima ainda preocupaFoto: Getty Images/Afp/Japan Pool

"Está sendo considerado baixar o limite para a realocação dos atingidos de 100 para 50 milissievert. Num primeiro momento, isso soa bem, mas no Japão esse limite é de 20 milissievert para a região ao redor de Fukushima", afirma o especialista.

O governo alemão ainda não definiu quais dessas sugestões serão colocadas em prática. O Ministério do Meio Ambiente não quer se pronunciar sobre detalhes, alegando que a comissão ainda não terminou sua assessoria.

"Neste momento, quando ainda não se tem conhecimento do conjunto da regulamentação, dizer o que vamos ou não vamos fazer não seria conveniente, perante a complexidade do tema", disse à DW a deputada Katharina Reiche, secretária parlamentar do ministério.

Mas a legisladora da União Democrata Cristã (CDU), partido de Merkel, não vê necessidade de ações urgentes. Segundo ela, todas as usinas nucleares foram inspecionadas depois de Fukushima, e especialistas concluíram que a Alemanha cumpre altos padrões de segurança.

Perigo cresce

Mas Stay não compartilhada do mesmo ponto de vista da deputada. Ele afirma que está se brincando com fogo, pois a cada ano as chances de ocorrer um acidente em um reator nuclear alemão aumentam.

O especialista afirma que a maioria dos incidentes ocorre próximo ao fim do tempo de vida dos reatores, com o envelhecimento do material e do equipamento técnico. "O fim arriscado ainda está por vir para as novas usinas nucleares que ainda funcionam na Alemanha. Ou seja, agora seria importante dar uma atenção especial a elas", afirma Stay.

CDU-Parteitag Abstimmung Koalitionsvertrag 09.12.2013
Merkel anunciou o fechamento de todas usinas nucleares até 2020Foto: Reuters

Ele acredita que muitos dos envolvidos estão tentando ganhar tempo por temer os custos dos novos planos emergenciais. Segundo Stay, nas regiões em risco, planos de prevenção a catástrofes precisariam ser montados.

"Eles esperam demorar bastante até a implementação dos planos. Talvez uma ou outra usina esteja quase em encerramento e, assim, não será preciso fazer mais nada", diz Stay.

Não é possível saber quando esses planos serão postos em prática. Mesmo se os especialistas da comissão e o ministério chegarem a um acordo, as sugestões ainda precisam ser debatidas pelos ministérios do interior dos estados, que são os responsáveis por prevenção a catástrofes.

Reiche defende que as regras sejam ampliadas para além da Alemanha. Para ela, não faz sentido encontrar apenas uma solução alemã. "Nós precisamos direcionar o nosso olhar para a Europa e encontrar padrões e procedimentos comuns", completa.