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Suspense em alta

8 de setembro de 2009

Na lista de bestseller, os livros de ficção policial não deixam espaço para a concorrência. Com recorde de vendas em meio à crise financeira, os thrillers conquistam o leitor alemão e mostram que o crime compensa.

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Thrillers correspondem a 50% das vendas nas livrarias alemãsFoto: AP

Um a cada quatro livros vendidos na Alemanha é de ficção policial, de acordo com a Associação do Comércio Livreiro Alemão. A estimativa das livrarias é ainda mais acentuada: elas calculam que os livros policiais correspondam 50% das vendas, e constatam que, nos últimos tempos, muitos romances tradicionais passaram a incluir elementos de suspense, mesmo que não estejam na prateleira policial. O motivo: alemães adoram uma pitada de ação.

Para Manfred Sarrazin, proprietário de uma livraria especializada em ficção criminal na cidade de Colônia, os leitores sempre se deixam fascinar por dois assuntos: sexo e morte – uma combinação que representa o DNA dos thrillers. Ele próprio se considera um consumidor compulsivo de livros de suspense. Ao longo dos anos, ele tem visto o interesse dos leitores migrar do "quem foi?" para o "como ele fez? Por quê? Será ele capturado?"

Nos atuais livros de ficção criminal, diz ele, "você conhece a identidade do serial killer e sabe tudo sobre os policiais que estão no seu encalço – a tensão surge do fato de não se saber como o assassino será capturado."

Werbeschild der Krimibuchhandlung in Köln
Apaixonado pelo gênero, Sarrazin tem uma livraria especializada em ficção policialFoto: Sophie Wenkel

Olaf Petersenn, que trabalha na editora Kiepenheuer und Witsch, em Colônia, acredita que o que torna os livros de ficção criminal tão irresistíveis é o fato de trazerem à tona a parte mais obscura da alma humana.

"O que o crime provoca nas pessoas?", questiona ele. "O que leva as pessoas a transpassarem certos limites? E o que acontece quando eles os ultrapassam? O que leva alguém a dedicar sua vida a desvendar crimes? Acredito que o apelo (da ficção criminal) é explorar o lado obscuro da vida, onde o mal espreita".

Assim que o crime é cometido, chega a hora de o detetive entrar em ação. Em geral, nos romances policiais, o herói ou a heroína são lobos solitários, mentes melancólicas e geralmente brilhantes que transparecem na personagem de um inspetor frio, como Kurt Wallander, criado pelo autor sueco Henning Mankell, ou Kay Scarpetta, gênio em patologia forense de Patricia Cornwell.

A escritora norte-americana Cornwell é um dos maiores nomes no ramo, e não apenas em seu país. Muitos dos romances policiais comprados na Alemanha foram traduzidos do inglês, de Minette Walters a James Ellroy.

Mas Olaf Petersenn identificou uma nova tendência: os leitores vêm comprando com maior frequência romances de escritores alemães que usam o gênero para explorar aspectos da sociedade. Essa é uma fórmula que parece ganhar cada vez mais popularidade.

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Interesse do leitor moderno não é mais descobrir 'quem foi', mas sim 'como e por quê'

"Por um lado, a tendência entre os leitores alemães é o consumo de ficção internacional, mas por outro, há um crescente interesse em romances regionais, que traçam o perfil de investigadores locais, o que acaba se tornando também referência de determinado lugar. Esse tipo de coisa tem funcionado muito bem em todo o país. Há editoras que distribuem nacionalmente romances policiais de forte caráter local."

A explosão nas vendas inspirou também outros escritores a tentar a chance em um gênero para o qual eles talvez tenham torcido o nariz no passado.

Manfred Sarrazin afirma que, até pouco tempo, muitos editores considerariam livros de ficção criminal inexpressivos demais para se preocupar com eles. Hoje sua reputação melhorou bastante, e os leitores ficam satisfeitos com o grande volume de pesquisa feita pelos escritores para assegurar a autenticidade.

"Se você for criar uma personagem como um gigolô e quiser dar a ele uma voz autêntica, precisa de fato conversar com um, ou com alguém que os conheça", diz Sarrazin. "Caso contrário, ele simplesmente não vai convencer."

Autor: Sophie Wenkel/Francis França
Revisão: Simone Lopes