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Saída de premiê fortalece Erdogan na Turquia

5 de maio de 2016

Relegado a papel secundário, Ahmet Davutoglu anuncia que deixará chefia de governo, em meio a crescentes divergências com presidente, que defende troca do parlamentarismo pelo presidencialismo.

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O primeiro-ministro Ahmet Davutoglu: ele será provavelmente substituído por um nome mais leal a Erdogan
O primeiro-ministro Ahmet Davutoglu: ele será provavelmente substituído por um nome mais leal a ErdoganFoto: Reuters/U. Bektas

O primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu, anunciou nesta quinta-feira (05/05) que vai deixar o cargo, em meio a crescentes diferenças com o presidente Recep Tayyip Erdogan.

"Decidi que para a unidade [do partido governista AKP] seria mais apropriada uma mudança na liderança. Não vou concorrer na convenção do dia 22 de maio", afirmou, se referindo ao congresso extraordinário da legenda, que vai eleger um novo líder.

Davutoglu será provavelmente substituído no AKP, partido no poder há 14 anos, por um nome mais leal a Erdogan, cuja ambição de transformar o sistema parlamentarista por um presidencialista abriu uma crise no governo turco.

Nas últimas semanas, Davutoglu entrou em rota de colisão com Erdogan. O primeiro-ministro vinha adotando uma postura autônoma e moderada em relação à figura do presidente em diversos temas, enquanto o estilo de governar de Erdogan se tornava cada vez mais autoritário.

Após se eleger presidente em 2014, Erdogan apontou Davutoglu para sucedê-lo no cargo de primeiro-ministro, relegando-o a um papel secundário enquanto a presidência, tradicionalmente de caráter cerimonial, se tornava a posição mais poderosa do governo.

Davutoglu defendia a retomada do processo de paz entre o governo e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), caso o movimento separatista curdo removesse seus combatentes do território turco. Erdogan, porém, disse que isso estava fora de questão, e assegurou que as operações militares continuariam até que a ameaça do PKK estivesse completamente eliminada.

O primeiro-ministro se opôs às detenções de jornalistas e acadêmicos acusados de apoiar o PKK. Erdogan reagiu, afirmando que qualquer um que expressar apoio aos extremistas deveria ter sua cidadania revogada.

Apesar das divergências, Davutoglu disse que não vai renunciar como membro do partido e jurou lealdade a Erdogan. "Não sinto ódio ou ressentimento por ninguém", afirmou.

RC/rtr/ap