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Cúpula do G20

DW (ca)12 de novembro de 2008

O grupo de países denominado de G20 se encontrará em Washington para discutir as conseqüências da crise financeira global e procurar soluções conjuntas. A DW-WORLD.DE avalia condições e expectativas.

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Frank-Walter Steinmeier aposta nos emergentesFoto: AP

No próximo sábado (15/11), em Washington, além dos países industrializados, participarão da cúpula do G20 as potências econômicas representadas pelos principais países emergentes – o assim chamado grupo de países Bric (sigla criada pelo economista-chefe do banco Goldman Sachs, Jim O'Neill, para designar Brasil, Rússia, China e Índia).

Para os países industrializados, parece estar cada vez mais claro que uma saída para a crise financeira não poderá ser encontrada sem a participação desses países emergentes. Em entrevista à Deutsche Welle, o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, reiterou tal posição.

Novos parceiros do mundo modificado

G20 Treffen in Sao Paolo Brasilien
Ministros do G20 reunidos em São PauloFoto: AP

Segundo Steinmeier, "todos estão conscientes de que esta crise nos mercados financeiros internacionais só poderá ser superada se os novos parceiros no cenário internacional, ou seja, os novos centros de influência desse mundo, forem integrados. Acredito que agora precisamos de regras que sejam aceitas em todos os lugares. E, por esse motivo, o grupo de convidados para este encontro é maior do que para o G7 ou o G8".

Para o ministro alemão, os países Bric devem sentar-se à mesa de decisões. Sobre as expectativa em relação ao encontro de Washington, Steinmeier afirmou ainda acreditar "que estamos num bom caminho para a integração destes novos parceiros deste mundo modificado na decisão de novas regras. Isso também é necessário".

A atual conjuntura econômica global mostra que a necessidade destas novas regras é de interesse tanto de europeus como de países emergentes. Na zona do euro, a Comissão Européia espera um crescimento mínimo de 0,1% do PIB para 2009. Até mesmo a China se afasta da idéia de um crescimento acima dos 10% e prevê que crescerá de 8% a 9% no próximo ano.

Sistema bancário com dificuldades

Apesar de o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, ter afirmado em fins de outubro último que o sistema bancário russo funcionaria sem dificuldades, a Rússia também sofre com a crise. O boom dos últimos anos se transformou em clima de crise.

A lista dos setores da economia russa que foram atingidos é longa. Para o reitor da Nova Escola Econômica de Moscou, Serguei Guriev, a situação é realmente grave e afeta principalmente as empresas que viviam de empréstimos ou que produziam bens de capital.

A crise atingiu a Rússia de duas formas. Primeiro, o preço do petróleo e de outras matérias-primas caiu pela metade nos últimos meses, diminuindo a entrada de capital estrangeiro na economia russa e prejudicando a balança comercial.

Em segundo lugar, o sistema bancário pouco desenvolvido dos russos sofreu como nenhum outro com a crise, pois a fonte de onde os bancos russos tomavam dinheiro emprestado secou: os bancos estrangeiros. Guriev disse acreditar que o governo colocará dinheiro estatal no mercado de crédito para acalmar os ânimos.

Segundo a agência de notícias Bloomberg, os super-ricos do país perderam 230 bilhões de dólares devido à crise. Mas, de acordo com declarações do Kremlin e da mídia estatal, a economia russa não passa por problemas. O presidente russo, Dimitri Medvedev, declarou que "a Rússia ainda não foi envolvida por esta terrível espiral e tem a possibilidade de contorná-la. Nós temos a obrigação de contorná-la".

Sorriso chinês

A reforma do sistema financeiro internacional também é vista por países como a Rússia e a China de forma ideológica. Segundo o próprio Putin, vieram à tona as desvantagens da atitude monopolista no sistema financeiro internacional e das deficiências da política do "egoísmo econômico".

Ausschnitt Der russische Präsident Wladimir Putin
Putin acredita no sistema bancário russoFoto: picture-alliance/dpa

Segundo o especialista Axel Berkofsky, do Centro de Estudos Europeus de Bruxelas, "todos os países industrializados, inclusive os EUA, têm que suportar a crítica de terem praticado capitalismo selvagem e de terem levantado o dedo durante muitos anos para países emergentes como a China, dizendo 'nada de socialismo, nada de Estado'". A China com certeza deve estar rindo das novas medidas de estatização em países como os EUA, afirmou Berkofsky.

O certo é que são muitas as expectativas dos países emergentes para o próximo encontro do G20 em Washington. Na opinião de Steinmeier, tais países demonstraram ter, nos últimos anos, um grande potencial de crescimento e ao mesmo tempo uma alta exigência de participação política. Sua atitude autoconfiante e seu forte desejo de cooperar de igual para igual com os países industrializados devem ser levados em consideração.