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Samsung assina acordo de indenização a vítimas de câncer

23 de novembro de 2018

Empresa sul-coreana pede desculpas por doenças e mortes de funcionários de suas fábricas. Companhia terá de desembolsar uma compensação de cerca de 130 mil dólares por caso.

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Hwang Sang-gi segura um cartaz com a imagem de sua filha, Hwang Yu-mi, uma ex-trabalhadora da Samsung que morreu de leucemia
Hwang Sang-gi iniciou campanha depois da morte por leucemia de sua filha de 23 anosFoto: picture-alliance/AP Photo/A. Young-joon

A Samsung se desculpou publicamente por doenças e mortes de trabalhadores e assinou, nesta sexta-feira (23/11), um acordo para compensar funcionários que desenvolveram câncer em suas fábricas. A empresa sul-coreana do setor de eletrônicos admitiu lapsos de segurança nas linhas de produção. 

O acordo cobre 16 tipos de câncer e outras doenças, como esclerose múltipla e abortos espontâneos. Também foram incluídas condições congênitas que afetam filhos dos trabalhadores. A Samsung terá de desembolsar uma indenização de até 150 milhões de wons (cerca de 130 mil dólares) por caso.

"Não levamos a sério todas essas doenças e não resolvemos rapidamente a questão", afirmou o copresidente da companhia, Kim Ki-nam, em um ato de desculpa pública do qual participou junto a representantes dos afetados.

"Falhamos em gerenciar adequadamente os riscos à saúde em nossas fábricas de semicondutores e LCD", lamentou Kim. "Queridos colegas e suas famílias sofreram por um longo tempo, mas a Samsung Electronics não enfrentou este tema antes."

Ativista segura cartaz com a frase "sem mais morte na Samsung"
Segundo ativistas, cerca de 240 pessoas sofreram de doenças relacionadas ao trabalho depois de empregadas na SamsungFoto: picture-alliance/AP Photo/Ahn Young-joon

De acordo com estimativas de grupos que defendem as vítimas, cerca de 240 pessoas sofreram de doenças relacionadas ao trabalho após terem sido empregadas em linhas de produção de semicondutores e telas de cristal líquido.

O caso está relacionado a funcionários que trabalharam em fábricas nas cidades sul-coreanas de Suwon, Hwaseong e Pyeongtaek, assim como em Xian, na China, a partir de 1984.

O escândalo veio à tona em 2007, quando o pai de uma ex-funcionária da empresa se recusou a assinar um acordo sobre a morte de sua filha de 23 anos, que morreu de leucemia. Em seguida, começaram a surgir outros casos que afetaram antigos trabalhadores de fábricas de microprocessadores e telas da Samsung.

Hwang Sang-gi, o pai de Hwang Yu-mi, disse estar satisfeito por ter cumprido a promessa feita à filha de provar que a Samsung era a culpada pela morte dela.

"Nenhum pedido de desculpas seria suficiente considerando a decepção e a humilhação que sentimos nos últimos 11 anos, a dor do sofrimento de doenças ocupacionais, a dor de perder entes queridos", disse Hwang, após assinar formalmente o acordo.

Hwang, que é motorista de táxi, iniciou o grupo Banolim para fazer campanha por trabalhadores afetados depois de tomar conhecimento do caso de um trabalhador de 30 anos da mesma linha de produção de sua filha, que também morreu de leucemia.

"A compensação por danos industriais é importante, mas o mais importante é a prevenção", disse Hwang, cuja história familiar foi transformada em filme em 2013.

Pouco se sabe sobre a possível conexão entre os processos de produção e as doenças que os funcionários desenvolveram. Sob alegação de segredo comercial, a Samsung se recusou a revelar os produtos químicos específicos e as quantidades usadas, embora tenha havido movimentos em direção a uma maior transparência.

Em 2016, a Samsung concordou com a criação de um comitê externo que supervisionaria a segurança nas fábricas.

A gigante de tecnologia desempenhou um papel importante na ascensão da Coreia do Sul para se tornar a 11ª maior economia do mundo. No entanto, também já teve de lidar com acusações de conexões políticas obscuras.

O vice-presidente do Grupo Samsung, Lee Jae-yong, esteve envolvido num grande escândalo de corrupção que resultou no impeachment da ex-presidente da Coreia do Sul Park Geun-hye. Lee passou quase um ano na cadeia, mas foi libertado depois que várias condenações contra ele foram anuladas.

PV/ap/afp/efe

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