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Democracia x petróleo

3 de setembro de 2011

Mesmo dentro da União Europeia os conflitos de interesses são proporcionais ao volume das importações de petróleo sírio. Itália consegue retardar aplicação de embargo. Rússia protesta contra "ação unilateral" europeia.

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epa02888516 Syrians living in Athens demonstrate outside the Greek Parliament building in solidarity to anti-government protesters in Syria, in Athens, Greece, 30 August 2011. The demonstration took place after morning prayers marking Eid al-Fitr, the end of the Muslim holy month of Ramadan. EPA/ORESTIS PANAGIOTOU +++(c) dpa - Bildfunk+++
Solidariedade internacional com manifestantes síriosFoto: picture alliance/dpa

Após a aprovação, nesta sexta-feira (02/09), do embargo às importações de petróleo da Síria, a União Europeia (UE) considera a adoção de novas sanções contra o regime de Bashar al Assad. Durante a reunião de dois dias dos ministros do Exterior europeus, na cidade polonesa de Sopot, no Mar Báltico, o chefe da diplomacia francesa, Alain Juppé, declarou: "Se Assad não ouvir e se não houver uma mudança de regime, vamos ter que aumentar a pressão".

Entre outras medidas, cogita-se uma interdição generalizada de investimentos sírios em território europeu, como a já decretada pelos Estados Unidos. No entanto, os conflitos de interesses dentro da UE não só atrasam como debilitam as resoluções.

Freio italiano

A proibição de importações de petróleo sírio, por exemplo, só se refere a novos contratos. A Itália conseguiu impor que, no tocante a contratos já existentes, ela só passe a vigorar a partir de 15 de novembro. O ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, defendeu o posicionamento de seu país: "Era uma exigência técnica. Precisamos de um certo tempo até podermos implementar o embargo de importações".

Em 2010, a UE importou da Síria mercadorias no valor de 3,6 bilhões de euros, dos quais 3,3 bilhões em derivados de petróleo. As transações com o combustível fóssil daquele país árabe perfazem 0,8% de todas as importações europeias. De todo o petróleo sírio comprado por membros da UE, 32% foi para a Alemanha, seguido de 31% para a Itália.

Além do conglomerado italiano de energia Eni, a anglo-holandesa Royal Dutch Shell e a francesa Total também mantêm relações comerciais intensas com a Síria.

Entre democracia e petróleo

Originalmente, os ministros da UE haviam pleiteado a aplicação imediata do embargo de petróleo. Entre outros, o chefe de pasta finlandês Erkki Tuomioja protestou: "Se as sanções só entrarem em vigor em novembro, será tarde demais. Se nossa intenção é séria, devemos agir imediatamente".

Os ministros reunidos na Polônia interditaram o acesso à UE a três empresas sírias: um banco imobiliário, o investidor financeiro Cham e a empresa de transportes Mada.

Além disso, a União Europeia acrescentou outras quatro figuras de liderança do governo de Assad à lista de pessoas proibidas de ingressar no território europeu. Atualmente estão congelados na UE os bens de 54 personagens do regime sírio. O embargo armamentista imposto em maio também foi confirmado.

As medidas punitivas vêm em protesto à repressão violenta do movimento democrático sírio pelas forças presidenciais. A alta representante da União Europeia para Assuntos Externos, Catherine Ashton, observou: "Estamos cada vez mais preocupados com o que ocorre na Síria. Vamos manter a pressão econômica sobre ela, a fim de chegar a uma solução política".

Protesto da Rússia


Segundo o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, a intenção é isolar o regime de Assad em nível internacional e forçá-lo a cooperar com os oposicionistas de seu país. O político liberal acrescentou que a UE seguirá se empenhando por decisões contra o regime Assad, no contexto do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Contudo, as resoluções neste sentido têm sido bloqueadas sobretudo pela Rússia e a China. Ambas as potências temem que as sanções possam ser pretexto para ações militares como a aplicada contra o governo líbio. O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, declarou neste sábado: "Somos contra sanções unilaterais". Segundo ele, tal procedimento não leva a nada de bom e destrói as possibilidades de abordar a crise como parceiros.

Enquanto o mundo discute, o Exército sírio continua investindo com violência contra os manifestantes em diversas cidades do país. Segundo dados de ativistas dos direitos humanos, desde sexta-feira ao menos 23 pessoas foram mortas nos confrontos.

AV/dap/rtr
Revisão: Francis França

In this image from a Syrian state television interview broadcast Sunday Aug 21 2011, President Bashar Assad says his security forces are making gains against a 5-month-old uprising and says his government is in no danger of falling. He repeated plans to introduce reforms to Syria, one of the most authoritarian states in the Middle East. He said a committee to study reforms would need at least six months to work. He said the situation in Syria "may seem dangerous ... but in fact we are able to deal with it." (Foto: Syrian state tv via APTN/AP/dapd)
Presidente sírio Bashar al AssadFoto: dapd
Außenminister Guido Westerwelle (letzte Reihe Mitte, FDP) posiert am Freitag (02.09.2011) beim Treffen der EU-Außenminister in Zoppot, Polen, mit seinen Amtskollegen für das Familienfoto. Die EU-Staaten erwägen eine Aufwertung des Status der Palästinenser in den Vereinten Nationen. Foto: Thomas Trutschel dpa +++(c) dpa - Bildfunk+++
Ministros europeus reunidos em Zoppot, PolôniaFoto: picture-alliance/dpa